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O custo da lentidão
ENQUANTO as autoridades do
setor aéreo continuam a bater cabeça e a postergar
uma solução definitiva para o
problema da aviação civil, os
usuários se encarregam de oferecer uma resposta imediata. O
movimento de passageiros em
vôos domésticos -que subiu
mais de 16% ao ano em 2004 e
2005 e quase 8% em 2006- desacelerou bruscamente e já começa a declinar.
Incapaz de antecipar-se à tendência de aumento na procura
pelo transporte aéreo, o governo
Lula agora administra uma recessão no setor. O que mais decepciona é esse fenômeno estar
ocorrendo num período excepcional da economia, em que há
um apetite raro do setor privado
por investimentos de risco, com
prazo de retorno dilatado -na
infra-estrutura por exemplo.
Os aeroportos brasileiros continuam sendo geridos à velha
moda estatal: o dinheiro para investir é escasso e demora para
chegar; a burocracia é ineficiente, inchada e aparelhada por interesses partidários.
A ministra Dilma Rousseff dá
mostras de ter compreendido a
situação. Talvez motivada pelo
sucesso que foram os leilões de
estradas federais, na semana retrasada, fala agora que o governo
federal poderá privatizar aeroportos -novos e existentes.
A titular da Casa Civil quer
também levar a Infraero à Bolsa
de Valores. Seria um modo de
aproveitar a onda favorável no
mercado para capitalizar a empresa e, ao mesmo tempo, submeter esse "antro de corrupção"
-as palavras são do relator da
CPI do Apagão Aéreo, senador
Demóstenes Torres (DEM-GO)- a critérios mínimos de boa
governança corporativa.
O problema é o "timing". Costumam decorrer anos do momento em que o governo tem
uma boa idéia até a sua implementação. Os investidores não
vão ficar esperando.
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