São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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O custo da lentidão

ENQUANTO as autoridades do setor aéreo continuam a bater cabeça e a postergar uma solução definitiva para o problema da aviação civil, os usuários se encarregam de oferecer uma resposta imediata. O movimento de passageiros em vôos domésticos -que subiu mais de 16% ao ano em 2004 e 2005 e quase 8% em 2006- desacelerou bruscamente e já começa a declinar.
Incapaz de antecipar-se à tendência de aumento na procura pelo transporte aéreo, o governo Lula agora administra uma recessão no setor. O que mais decepciona é esse fenômeno estar ocorrendo num período excepcional da economia, em que há um apetite raro do setor privado por investimentos de risco, com prazo de retorno dilatado -na infra-estrutura por exemplo.
Os aeroportos brasileiros continuam sendo geridos à velha moda estatal: o dinheiro para investir é escasso e demora para chegar; a burocracia é ineficiente, inchada e aparelhada por interesses partidários.
A ministra Dilma Rousseff dá mostras de ter compreendido a situação. Talvez motivada pelo sucesso que foram os leilões de estradas federais, na semana retrasada, fala agora que o governo federal poderá privatizar aeroportos -novos e existentes.
A titular da Casa Civil quer também levar a Infraero à Bolsa de Valores. Seria um modo de aproveitar a onda favorável no mercado para capitalizar a empresa e, ao mesmo tempo, submeter esse "antro de corrupção" -as palavras são do relator da CPI do Apagão Aéreo, senador Demóstenes Torres (DEM-GO)- a critérios mínimos de boa governança corporativa.
O problema é o "timing". Costumam decorrer anos do momento em que o governo tem uma boa idéia até a sua implementação. Os investidores não vão ficar esperando.


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