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ELIANE CANTANHÊDE
Fechou o tempo
BRASÍLIA - Saio de férias com a
sensação de que tudo mudou nos
ares da política. Aquele marasmo
todo de Serra versus Dilma, aliança
PSDB-DEM, PMDB comportado
nos braços do governo, Lula paz
e amor, tudo isso está sendo chacoalhado pelas ventanias, inclusive
as ventanias do destino.
A notícia do linfoma de Dilma
não só abriu incertezas como
fez emergir insatisfações dissimuladas e ambições ocultas e coincidiu
com o furacão causado no Congresso pela eleição de Sarney. Lula
deve estar profundamente arrependido de ter precipitado o processo eleitoral. Com a doença de
Dilma, ficou evidente o vácuo de
nomes nacionais no PT e na base
governista, como ficou explícita a
guerra entre PT e PMDB.
Na Bahia, Geddel vive às turras
com o PT de Jaques Wagner. No
Pará, Jader pula do barco da petista
Ana Júlia. No RS, a debacle tucana
reacende a cobiça do PT de Tarso
Genro, contra o favoritismo do
PMDB de Fogaça. No Rio, o caos
de sempre. E o clima de guerra se
expande para o resto do país.
Qualquer coisa vira tempestade,
como a demissão de irmãos e ex-mulheres na Infraero. Sarney, Renan, Temer, Geddel, Jucá, Henrique Alves abandonam o bom-mocismo da época do marasmo (e da
candidatura Dilma virtualmente
consagrada) e mostram a cara.
O pipocar da CPI da Petrobras,
portanto, combina perfeitamente
com o clima. A misteriosa alteração
contábil e a política de ocupação de
espaços do PT nas estatais apenas
vieram bem a calhar, deram o pretexto que faltava. A única surpresa é
que esse clima e esse pretexto são
tudo que qualquer oposição pediu
aos céus, mas justamente agora o
DEM, que sempre primou por uma
ação muito mais viril contra o governo, está miando. Aí, tem!
Até a volta!
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