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música
Mallu mulher
A cantora paulista
Mallu Magalhães, 16, lança CD de estréia como se já fosse adulta
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em fevereiro deste
ano, Mallu Magalhães esteve na capa
do Folhateen, ao lado de outras três jovens cantoras. Ela começava a
fazer sucesso na internet com
"Tchubaruba" e tinha tocado
em apenas uma casa noturna
até então. Na semana passada,
a cantora lançou seu primeiro
disco em uma ação de marketing com uma operadora de celular, que está vendendo cada
faixa por R$ 1,99 em seu site.
Além disso, cinco modelos de
telefone estão sendo lançados
com o álbum completo armazenado na memória. Em novembro, o CD chega às lojas e,
em dezembro, ela lança também um DVD.
Em apenas oito meses, Mallu
passou de mero hype da internet a cantora profissional. Aos
16 anos, ela conta com uma estrutura que muitas bandas com
muitos anos de estrada ainda
estão longe de conquistar.
Ela tem um empresário (Rafael Rossatto, da banda Bidê ou
Balde), um produtor - que a leva de um lugar para outro e providencia, entre outras coisas, o
alvará do Juizado de Menores
exigido em cada apresentação-, um produtor artístico e
uma assessora de imprensa.
Graças a essa estrutura profissional, Mallu já vendeu uma
música para um comercial de
TV -que bancou a gravação do
disco-, produziu dois clipes,
foi indicada em três categorias
no VMB -inclusive "artista do
ano"-, se apresentou em quase
todas as capitais do país, gravou
um DVD e está escalada para
tocar no festival Planeta Terra,
em novembro, ao lado de bandas como Bloc Party e Jesus
and Mary Chain. Tudo isso
muito antes de o primeiro disco
chegar às lojas.
"Acho que foi bem rápido em
relação a outras bandas, mas é
natural. Estava na hora de
acontecer, foi um ótimo momento para eu crescer", diz a
garota, que, com o dinheiro que
está ganhando, quer comprar
um apartamento para morar
sozinha quando fizer 18 anos.
Rossatto, o empresário, não
abre o valor do cachê, mas diz
que está na faixa do de Marcelo
Camelo, 30 anos, quatro discos
lançados com o Los Hermanos
e um CD solo no currículo.
Estudos
Em meio ao turbilhão de
acontecimentos, a escola ficou
em segundo plano. Só não foi
totalmente limada da rotina
por imposição do pai. "Foi a
condição que ele colocou para
eu exercer a minha profissão. A
escola é importante se você
quer fazer parte da sociedade,
mas eu não faço a mínima questão. Isso não está me trazendo
nada. Mas, como o meu pai
manda, eu tenho que obedecer", diz a cantora, que está no
primeiro ano do ensino médio e
já mudou de colégio duas vezes
só neste ano por não acompanhar o ritmo das aulas.
Mallu também já está experimentando o "gostinho da fama". Além de receber diariamente centenas de mensagens
em sua página no MySpace, que
raramente consegue responder, ela já recebeu cartas, presentes e até visitas de fãs em
sua casa, no bairro nobre do
Morumbi.
"Tive que aprender a lidar
com o pessoal aparecendo na
porta da minha casa. Acho legal, mas não posso ser muito
carinhosa com a pessoa, porque, bem ou mal, não é só a minha privacidade que está em jogo, é a privacidade dos meus
pais, da minha irmã. Por isso eu
dou uma "escondidinha" quando aparece alguém", diz.
Durante a gravação do DVD,
há duas semanas, o público que
lotou o Na Mata Café, em São
Paulo, cantou as músicas com a
garota e deu presentinhos para
ela durante o show.
Mas a fama repentina também tem seu lado negativo. "O
tempo que eu passo em casa é
bem menor. De vez em quando
eu chego cansada, estressada e
tenho que tomar cuidado para
não descarregar nos meus pais.
Tive dificuldade em não fazer
isso no começo, mas hoje eu
consigo lidar melhor. Guardo
um pouco da minha energia e
do meu sorriso pra eles", conta
a garota, que também está se
esforçando para não virar uma
"pessoa esnobe, sem pé no
chão". "Eu me preocupo com
isso, tem que ter cuidado porque não é parte de mim."
O disco
Gravado no Rio ao longo de
20 dias, durante as férias de julho, o disco "Mallu Magalhães"
tem produção de Mario Caldato Jr., brasileiro que teve seu
auge nos anos 1990 ao trabalhar com artistas como Beastie
Boys. Mais recentemente, produziu os brasileiros Marcelo
D2 e Nação Zumbi.
"Quem propôs (o Mario como produtor) foi o meu empresário. Eu não o conhecia direito
e nem sabia o que faz um produtor. Só percebi a diferença
que ele fazia quando a gente foi
gravar mesmo. Não sei explicar
direito, mas acho que ele capta
a atmosfera", afirma.
Quem espera a ternura de
"Tchubaruba" ou de "Vanguart" pode se surpreender
com a densidade quase melancólica de faixas como "Noil" e
"O Preço da Flor", uma das
poucas em português.
"Tenho vários lados, alguns
mais maduros, outros menos.
Tenho dias tristes, outros felizes. Acho que isso ficou evidente no disco, naturalmente. Tem
músicas pesadas. Tem músicas
mais "mulheres", como "Noil",
que eu compus no piano. É tipo
um rugido de liberdade", diz.
O folk que ela introduziu para o público adolescente está
presente em faixas como "Angelina" e "Don't Look Back".
A capa traz um desenho da
própria cantora. Um leãozinho, em homenagem à música
de Caetano Veloso que o pai
cantava para ela na infância.
Alternando a pose de menina e o jeito de mulher bem-sucedida, Mallu não confirma
nem desmente o namoro com
o vocalista do Vanguart, Helio
Flandres. "Não quero comentar porque não está estável o
suficiente. Tenho medo de chatear alguém."
Mas confessa que está "definitivamente" apaixonada. "Tenho um (amor) que é acima de
tudo. Eu, infelizmente, não
posso exercê-lo atualmente."
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