|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
Gasto com pessoal deve atingir 5% do PIB neste ano
Reajustes generalizados no Executivo em 2006 e 2008 impulsionaram a alta
Planejamento afirma que expansão do funcionalismo visa melhorar serviços e que contingente em relação a outros países é pequeno
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na esteira da evolução do
quadro total de servidores federais na ativa, os gastos com o
funcionalismo, que incluem
ainda os aposentados e os militares, também deverão chegar
neste ano a um patamar atingido pela última vez em 1995: o
de 5% do PIB (Produto Interno
Bruto, soma das riquezas produzidas no país em um ano).
Pelas previsões oficiais, a
despesa ficará em R$ 153,8 bilhões, equivalentes a 4,98% do
PIB; esse cálculo, no entanto,
pressupõe um crescimento
econômico de 2% neste ano,
enquanto a maioria dos analistas prevê taxas pouco abaixo de
zero em virtude da crise econômica internacional.
A expansão do quadro de
pessoal não é a principal causa
do aumento dos gastos. O
maior posto nesse sentido cabe
aos dois pacotes de reajustes
salariais para praticamente todas as carreiras do Executivo
concedidos em 2006 e no ano
passado. Mas a ampliação do
número de servidores, como é
óbvio, torna mais difícil ajustar
a despesa no futuro.
Um recorde indiscutível do
governo Lula está na criação e
ocupação de cargos de confiança, que finalizaram o ano passado em 20,6 mil, contra 18,4 mil
herdados da gestão tucana
-consideradas na conta apenas as funções do tipo DAS (Direção de Assessoramento Superior), para as quais podem
ser indicadas pessoas de fora do
serviço público.
Comparação
Como nem tucanos nem petistas divulgaram um diagnóstico técnico das carências e dos
excessos do quadro de pessoal,
o debate em torno do tema quase sempre se limita à esfera político-ideológica -os primeiros
acusam os segundos de "inchar" a máquina, enquanto são
responsabilizados pelo "sucateamento" de ministérios, universidades e hospitais.
Procurado pela Folha, o Ministério do Planejamento apresentou dados segundo os quais
a proporção de servidores federais na população brasileira
não passa dos 5,3%, enquanto
em países ricos os percentuais
vão de 6,1%, na Alemanha, a
38,5%, na França -e à Irlanda
é atribuído o índice de 54,9%.
"O ingresso de servidores
tem por objetivo não apenas
expandir e fortalecer a atividade do Estado para prestar mais
e melhores serviços ao cidadão
mas também recuperar a força
de trabalho perdida por aposentadorias, evasões e outras
situações como a substituição
dos terceirizados em situação
irregular", afirma a pasta.
A comparação internacional,
no entanto, é vista com ressalvas por estudiosos como os do
Banco Mundial, pela dificuldade em padronizar a contagem
de servidores. O Brasil, por
exemplo, tem ainda funcionários estaduais e municipais.
Além disso, os empregados em
grandes estatais, como o Banco
do Brasil e a Petrobras, não
aparecem nessas estatísticas.
Sindicatos
Mesmo depois de dois pacotes de reajustes salariais para
virtualmente todas as carreiras
do Executivo, o governo Lula
mantém estudos em parceria
com os sindicatos dos servidores, que estão entre as principais bases políticas do PT.
Estão em gestação, por
exemplo, uma proposta de
emenda à Constituição e dois
projetos de lei que tornarão
obrigatórias e disciplinarão as
negociações salariais entre o
poder público federal, estadual
e municipal e o funcionalismo.
Mais concretamente, já está
sendo desenvolvido para as futuras negociações um sistema
informatizado que permitirá
consultar, entre outros dados, o
número de contratados e os
custos totais de cada categoria
do serviço público, numa operação que gera controvérsia.
Em vez de ser tocado pelo
Planejamento, o projeto, com
verba total de R$ 370 mil, teve
sua execução transferida para a
Universidade Federal de São
Carlos. E um dos principais
pesquisadores, com auxílio
mensal de R$ 4.500, é o professor de matemática Gil Vicente
Reis de Figueiredo, também
presidente do Proifes, que disputa a condição de sindicato
dos docentes federais.
"A opção [pela UFSCar] deve-se pela sua reconhecida trajetória histórica como instituição pública e polo de referência
na inovação tecnológica do
país", afirma o ministério.
O contrato tem sido bombardeado pela Andes, entidade sindical mais antiga da categoria.
"Não há conflito de interesses,
o conflito é de uma entidade
que, em vez de representar os
professores, representa os interesses de partidos políticos",
diz o professor, em referência
aos oposicionistas PSOL e
PSTU.
(GUSTAVO PATU)
Texto Anterior: Lula anula enxugamento de servidores Próximo Texto: Até padeiro faz parte do quadro do INSS Índice
|