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Planalto pode reduzir aperto fiscal para desonerar folha
Governo também avalia usar fundo soberano para financiar corte de tributo
Contribuição patronal para a Previdência Social, hoje
de 20% sobre os salários pagos, pode ter corte de cinco pontos percentuais
LEANDRA PERES
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A equipe econômica estuda
duas alternativas como fonte
de recursos para financiar o
corte de tributos sobre a folha
de pagamento das empresas a
partir do ano que vem. Uma delas é reduzir em definitivo a
economia que é feita anualmente para pagar os juros da
dívida -o chamado superávit
primário. A outra proposta é
usar o fundo soberano -poupança de R$ 15 bilhões que o
governo acumulou no ano passado e ainda não gastou.
A escolha dependerá principalmente da velocidade no corte das alíquotas da contribuição
patronal para a Previdência Social, hoje de 20% sobre os salários pagos. Um dos cenários
considera um corte de aproximadamente cinco pontos percentuais na contribuição patronal, que cairia para 15%. O impacto sobre as contas do governo seria de R$ 19 bilhões ao
ano, quantia que equivale a
pouco mais de 0,5% do PIB
(Produto Interno Bruto).
Para compensar essa perda
de receita, a solução proposta é
um corte definitivo no superávit primário nesse mesmo percentual. Assim, a meta a partir
de 2010, que está fixada em
3,3% do PIB, seria de 2,8%.
Esse modelo pode resolver a
questão do financiamento, mas
terá custos. Quando o governo
reduz a economia que faz para
pagar os juros da dívida pública, está, na prática, aceitando
que o país terá um endividamento maior. A relação entre a
dívida e o tamanho da economia de um país é um dos principais indicadores de solvência
observado pelos investidores.
Preocupado com a reação do
mercado financeiro, o governo
vem sondando alguns economistas sobre como a medida seria interpretada. Para a equipe
econômica, não haverá restrições, uma vez que os investidores parecem concordar com
uma dívida mais elevada desde
que o governo use os recursos
para melhorar a competitividade das empresas.
Essa queda na arrecadação
poderia ser coberta com os recursos do fundo soberano ao
longo de 2010. Entre os assessores do ministro Guido Mantega (Fazenda), argumenta-se
que uma retomada no crescimento econômico a partir do
ano que vem teria impacto positivo sobre a arrecadação federal em montante muito superior ao que seria gasto com a desoneração da folha de pagamento no primeiro ano.
Esse cenário, no entanto,
transfere para o próximo presidente, que tomará posse em
2011, o problema sobre como
pagar a conta da desoneração
feita e também como financiar
novos cortes na alíquota.
Outras contribuições
Além da contribuição patronal, as empresas também recolhem o salário-educação, o seguro de acidentes de trabalho, o
FGTS, a contribuição ao Incra e
ao Sistema S (Senai, Sesi, Sebrae, entre outros).
De acordo com o coordenador-geral de Estudos, Previsão
e Análise da Receita, Marcelo
Lettieri, discussão sobre o espaço para novas desonerações
será feito quando sair o próximo decreto orçamentário, com
a previsão de receitas e despesas do restante de 2009.
"O governo trabalha obsessivamente para manter o emprego e a renda, ainda que ao custo
de queda na arrecadação, como
a gente tem visto de forma controlada, monitorada", disse
Lettieri. "O último desejo seria
aumentar a carga tributária em
ano de crise. O governo acha
que pode fazer desonerações
sem necessariamente fazer
compensações neste momento", acrescentou.
Colaborou JULIANA ROCHA, da Sucursal de Brasília
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