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12/11/2012 - 17h26

Historiador comenta artigo sobre lei que regula sua profissão

LAURO PORTELA
MESTRE EM HISTÓRIA PELA UFMT
VÁRZEA GRANDE (MT)

Li o artigo do colunista Fernando Rodrigues a respeito da profissionalização do curso de história (Historiador? Só com diploma) e, exercendo o direito de questionar e o de opinar (já que opinar o diploma de jornalismo não me impediu), respondo aos seus argumentos.

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Em primeiro lugar, você confunde o acúmulo de conhecimento pura e simplesmente como um conhecimento historiográfico. Há que se diferenciar o que seja memória daquilo a que chamamos historiografia. Acúmulo todos temos: lemos biografias, lemos jornais, vivenciamos períodos conturbados como guerras, conflitos sociais e outros tantos. Mas isso não nos dá a técnica de pesquisa --aquele conjunto de conhecimentos a respeito do saber inquirir documentos, separá-los, reorganizá-los e criticá-los.

O dia a dia não nos dá, do mesmo modo, noções de metodologia científica em história, que se atém muito mais a processos históricos e suas mais diferentes representações, do que apenas a leitura de crônicas diárias. Muito menos nos dá referenciais teóricos de que se servem os historiadores; referenciais estes já há muito assentados desde as publicações da revista "Annales", em fins da década de 1920.

Sei de sua boa vontade quando diz que outros profissionais não poderão lecionar história. Sim, mas não significa que não poderão compartilhar o conhecimento que "acumularam" em livros. Esta forma de conhecimento é bem vinda na historiografia. Mas os historiadores não vão acreditar em uma só palavra do que você escrever sem antes checar, cotejar, recortar, e compreender os processos em questão.

Do mesmo modo que apenas jornalistas possam ser jornalistas, sem que isso signifique que artigos de opinião estejam proibidos a pessoas estranhas à profissão, a sua "opinião" será bem-vinda. Contudo, sala de aula não é e nem nunca será lugar de opinião, pois escola é, por excelência, lugar de compartilhamento de conhecimento científico.

Lauto Portela é mestre em história pela UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) e historiador no Arquivo Público de Mato Grosso

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