Na mesma avenida, megastore El Ateneo e sebo de 1940 resumem excelentes opções livrescas da capital

DO ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

Se o hábito da leitura orgulha os portenhos, esse orgulho atinge picos em lugares como as livrarias El Ateneo. Mais que nunca, talvez, na Ateneo da avenida Santa Fé, inteligentemente estabelecida em um prédio de 1919 que já foi teatro e cinema: os balcões são minissalas de leitura, e o palco, um café.
Pelo restante da loja (espaço central, andar inferior e laterais dos andares superiores) ficam espalhados os milhares de CDs, DVDs e livros.
Devem orgulhar os portenhos, também, os atendentes. Peça sugestões de títulos com Buenos Aires como cenário e bonaerenses como personagens e ganhará uma palestra. O funcionário empilhará vários livros, tanto de Manuel Puig (1932-1990), Júlio Cortázar (1912-1984) e Jorge Luis Borges (1899-1986) como de escritores menos conhecidos e se porá a falar. A certa altura, até dirá de memória uma passagem, de um daqueles livros, que retrata a capital argentina.

Anárquica
A 377 metros mais a travessia da avenida Santa Fé dali fica outro orgulho portenho: o Huemul, um sebo de 1940 com livros até do século 17.
São cerca de 120 mil livros, incluindo, por exemplo, uma compilação de textos da "Gaceta de Buenos Aires", que começou a circular em 1810. Clarice Lispector e Jorge Amado são brasileiros que vendem bem por lá, mas Monteiro Lobato é o que vende mais.
Os livros ficam dispostos de maneira obviamente organizada para atendentes como Antonio Rego, 78 anos e cinco décadas de casa, mas anárquica para os clientes: atrás das fileiras expostas há outra, que só aparece para garimpeiros insistentes. Cavouque bem e até algum escritor argentino antigo em pessoa você encontra por lá. (TM)