São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

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Argentino briga com inflação do quilo do tomate

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

Efeito de realidades cambiárias muito diferentes, Buenos Aires parece hoje mais barata que nunca para os viajantes brasileiros, a ponto de o português ser língua quase oficial em qualquer ponto minimamente turístico da capital argentina.
A opinião dos brasileiros, porém, não é compartilhada pelos portenhos, que, depois da crise de 2001, se consideram mais pobres do que nunca -e têm a carestia como sua principal preocupação.
Na contramão da corrente mundial de desvalorização do dólar, o governo Kirchner, que vai ser posto à prova, nas urnas, em dez dias, aposta num câmbio alto: atualmente, o dólar flutua entre 3,15 e 3,20 pesos. Caso bem distinto do Brasil, onde a moeda americana chegou a valer menos de R$ 1,80.
Assim, um jantar com o tradicional prato argentino -bife (de "chorizo") com fritas- no La Caballeriza (que tem até menu em português), seguido de cinema no complexo de 16 salas Village Recoleta, custa cerca de R$ 45 por pessoa, incluindo o táxi desde o centro. Barato? Os argentinos não acham. Uma pesquisa feita pelo Centro de Economia Regional e Experimental na Grande Buenos Aires revelou que 62% de entrevistados se consideram pobres, bem mais do que os 23% das estatísticas oficiais. Isso porque eles vivem com menos que os 2.091 pesos/mês (cerca de R$ 1.190) apontados pelo estudo como necessários para sustentar um casal com dois filhos.
Já a inflação gerou um boicote contra o tomate, símbolo da subida de preços. Deu certo: o preço do quilo baixou de cerca de 18 pesos para 6 pesos. Há nas prateleiras produtos "incluídos no acordo com o governo" -embora o governo negue que controle os preços e diga fazer apenas um monitoramento.


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