São Paulo, Domingo, 26 de agosto de 2012 |
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CAPA MISSÃO: MARTE
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Terra | Marte | |
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planetas | cor predominante azul, por conta dos oceanos | cor predominante vermelho-terroso, pela grande presença de óxido de ferro, ou seja, ferrugem, recobrindo o planeta |
raio | 6.378 km | 3.396 km |
gravidade | Em Marte, uma pessoa de 100 kg se comportaria como se tivesse 38 kg. Ao saltar, alcançaria altura três vezes maior do que a que atinge na Terra_ | |
satélites naturais | Lua (raio de 1.738 km) | Fobos (raio de 11 km) e Deimos (raio de 6 km) |
Temperatura média | 14°C | -63°C |
Tamanho: 65 cm de comprimento
Peso: 10,5 kg
Chegada: 4 de julho de 1997
Tamanho: 1,6 m de comprimento
Peso: 185 kg
Chegada: 4 de janeiro e 25 de janeiro de 2004
Tamanho: 2,9 m de comprimento
Peso: 900 kg
Chegada: 6 de agosto de 2012
por REINALDO JOSÉ LOPES, editor de Ciência + Saúde da Folha
Entenda para que serve mandar um jipe-robô para o planeta
Quem diria? A velha e dilapidada Nasa, que nem possui mais meios próprios de mandar pessoas para o espaço, acaba de mostrar que ainda tem espírito épico.
A prova é o pouso perfeito do jipe-robô Curiosity numa cratera de Marte no começo deste mês. Muito podia dar errado: grandalhão –do tamanho de um bugue de praia–, ele não tinha como descer pelo método usual da Nasa, que envolve recobrir as pobres sondas com airbags e deixá-las quicar pelos pedregulhos extraterrestres.
Em vez disso, numa operação complicadíssima, o Curiosity foi depositado no solo de Marte com uma espécie de guindaste voador, sem nenhum arranhão no processo.
A saga de verdade começa agora, contudo. O Curiosity é, disparado, o artefato mais complexo que terráqueos já conseguiram botar no chão de outro planeta. Com 17 câmeras, é a primeira sonda interplanetária capaz de fazer imagens em HD. Pode percorrer até dois quilômetros por dia.
Trata-se de um laboratório sobre rodas, equipado, entre outras coisas, com canhão laser para pulverizar pedaços de rocha e sistemas que medem parâmetros do clima marciano, como velocidade do vento, temperatura e umidade... A lista é grande. Tudo para tentar determinar se, afinal de contas, Marte já foi hospitaleiro para formas de vida –ou quem sabe até ainda o seja.
Esta, claro, é a pergunta de US$ 2,5 bilhões (R$ 5 bilhões, valor do investimento na missão MSL, ou Laboratório de Ciência de Marte, como a jornada do Curiosity foi batizada).
Outros jipes-robôs mais modestos, como o Sojourner e os gêmeos Spirit e Opportunity (veja quadro acima), deram passos gigantes no sentido de demonstrar que Marte já foi mais “molhado”, com água corrente pela superfície bilhões de anos atrás.
Hoje também se sabe que o subsolo marciano, em especial nas calotas polares, abriga enorme quantidade de água congelada. E há pistas de que água salgada pode escorrer pela superfície do planeta durante o verão marciano, quando, em certos lugares, a temperatura fica entre -25o C e 25o C.
Mesmo na melhor das hipóteses, são condições não muito amigáveis para a vida como a conhecemos. Mas os cientistas têm motivos para não serem tão pessimistas, ambos baseados no que se conhece a respeito dos seres vivos na própria Terra.
O primeiro é que a vida parece ser um fenômeno tão teimoso, ao menos na sua forma microscópica, que aguenta todo tipo de ambiente inóspito, das pressões esmagadoras do leito marinho ao calor e às substâncias tóxicas dos gêiseres.
Além disso, se o nosso planeta for um exemplo representativo da evolução da vida Cosmos afora, isso significa que a vida aparece relativamente rápido quando um planeta se forma –mais ou menos meio bilhão de anos depois que a Terra surgiu (hoje ela tem 4,5 bilhões de anos).
Ou seja, teria havido tempo, na fase “molhada” do passado de Marte, para que ao menos alguns micróbios aparecessem antes de serem destruídos pela deterioração do ambiente marciano. Será que algum deles não deu um jeito de se esconder no subsolo e ainda está lá, segurando as pontas?
E, se a coisa aconteceu duas vezes neste quintal cósmico, quantas vezes não terá ocorrido Via Láctea afora?
planeta se tornou referência na produção cultural
Na última década do século 19, o cientista inglês Percival Lowell mapeou centenas de linhas em Marte e lançou a teoria de que se tratavam de canais de irrigação construídos por seres inteligentes, com o intuito de trazer água dos polos para o interior do planeta
Em 1898, o inglês H.G. Wells lançou “A Guerra dos Mundos” (ao lado, a edição original; embaixo, uma versão em quadrinhos). Seguiram-se livros de autores como Asimov e Bradbury
David Bowie chegou ao terceiro lugar da parada inglesa com o compacto “Life on Mars”, em 1973. Elton John também cita o planeta em seu hit “Rocket Man”, segundo lugar no ano anterior
Desde o longa político russo “Aelita: Rainha de Marte” (1924, acima,
à esq.) até o recente
“O Vingador do Futuro” (2012, ao lado), os marcianos bateram ponto no cinema terráqueo. A partir dos anos 1950, o setor trash se esbaldou, atingindo o pico com “Papai Noel Conquista os Marcianos” (1964, à esq.). Em 1996, Tim Burton brincou com o fenômeno em “Marte Ataca!”, com Jack Nicholson e Glenn Close
Entre os anos 1940 e 1960, desenhos animados entraram na onda. A turma do Pernalonga ganhou a companhia de um temível alienígena, vestido como um centurião (abaixo, à esquerda) em referência ao deus romano da guerra que deu nome ao planeta. Pica-Pau também se envolveu com os ETs
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