São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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MELCHIADES FILHO

A Copa do Mundo é nossa

BRASÍLIA - Na semana que vem, a Fifa deve chancelar o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014. É a senha e a hora de o país evitar que se repitam os erros do Rio-2007.
O Pan foi bem-sucedido em vários aspectos: espetáculo, mídia e instalações. Mas teve problemas importantes devido à tibieza do poder público, que aceitou ficar sempre a reboque dos organizadores.
Não se trata apenas do estouro nas contas -o repasse estatal foi de R$ 400 milhões a R$ 3,7 bilhões. Mas das benfeitorias no Rio, menos numerosas do que o prometido.
Os Mundiais de futebol costumam ser criticados por produzir elefantes brancos: estádios com capacidade acima da demanda local e altíssimo custo de manutenção.
Contudo, ainda que indiretamente, esses edifícios podem ter impacto positivo sobre a economia e a infra-estrutura das cidades-sede.
Um projeto inteligente cuidaria de prever usos colaterais para as arenas, ligados ou não ao esporte (museus, escolas, espaços culturais etc.). E, principalmente, não as desperdiçaria como instrumento de revitalização urbana, uma vez que os entornos e as rotas de acesso exigem novas instalações de água, luz, telefonia, esgoto, segurança e asfalto -melhorias que, de quebra, atiçariam o mercado imobiliário.
O problema é que essa geografia interna da Copa é definida a portas fechadas por Fifa & Sócios. Ao anfitrião dá-se um pacote fechado, com o discurso do pegar-ou-largar.
Posto que bancará todo o custo extra-esportivo, o governo federal não deveria se resignar. Mais que isso, já que o país não tem concorrentes, deveria pensar grande.
Poderia exigir a maioria dos jogos no Nordeste, por exemplo. (O Maracanã evidentemente terá de ser a casa fixa da seleção brasileira.) Além de focar o investimento em áreas mais carentes, essa opção reduziria estorvos logísticos e climáticos e seria um golaço de marketing para o setor do turismo.
A roubalheira? Ignora latitudes.


mfilho@folhasp.com.br

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