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MELCHIADES FILHO
A Copa do Mundo é nossa
BRASÍLIA - Na semana que vem, a
Fifa deve chancelar o Brasil como
sede da Copa do Mundo de 2014. É
a senha e a hora de o país evitar que
se repitam os erros do Rio-2007.
O Pan foi bem-sucedido em vários aspectos: espetáculo, mídia e
instalações. Mas teve problemas
importantes devido à tibieza do poder público, que aceitou ficar sempre a reboque dos organizadores.
Não se trata apenas do estouro
nas contas -o repasse estatal foi de
R$ 400 milhões a R$ 3,7 bilhões.
Mas das benfeitorias no Rio, menos
numerosas do que o prometido.
Os Mundiais de futebol costumam ser criticados por produzir
elefantes brancos: estádios com capacidade acima da demanda local e
altíssimo custo de manutenção.
Contudo, ainda que indiretamente, esses edifícios podem ter impacto positivo sobre a economia e a infra-estrutura das cidades-sede.
Um projeto inteligente cuidaria
de prever usos colaterais para as
arenas, ligados ou não ao esporte
(museus, escolas, espaços culturais
etc.). E, principalmente, não as desperdiçaria como instrumento de
revitalização urbana, uma vez que
os entornos e as rotas de acesso exigem novas instalações de água, luz,
telefonia, esgoto, segurança e asfalto -melhorias que, de quebra, atiçariam o mercado imobiliário.
O problema é que essa geografia
interna da Copa é definida a portas
fechadas por Fifa & Sócios. Ao anfitrião dá-se um pacote fechado, com
o discurso do pegar-ou-largar.
Posto que bancará todo o custo
extra-esportivo, o governo federal
não deveria se resignar. Mais que isso, já que o país não tem concorrentes, deveria pensar grande.
Poderia exigir a maioria dos jogos
no Nordeste, por exemplo. (O Maracanã evidentemente terá de ser a
casa fixa da seleção brasileira.)
Além de focar o investimento em
áreas mais carentes, essa opção reduziria estorvos logísticos e climáticos e seria um golaço de marketing para o setor do turismo.
A roubalheira? Ignora latitudes.
mfilho@folhasp.com.br
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