São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008

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Editoriais

Campanha na rua

Eleição para a prefeitura paulistana vai se decidir na fatia de eleitores cuja renda familiar mensal não ultrapassa R$ 2.000

O DOMINGO de sol em pleno inverno na capital paulista foi um prato cheio para o início oficial da campanha para a prefeitura. Na caça ao voto popular, os destemidos candidatos atacaram caldo verde, pão, lingüiça, picolé e batidas exóticas, enquanto digeriam a pesquisa Datafolha que, naquela manhã, revelou a fotografia da largada.
A notícia foi positiva para a petista Marta Suplicy, que, com 38% das intenções de voto, apareceu isolada na dianteira e empurrou sua desvantagem ante o tucano Geraldo Alckmin, na simulação de segundo turno, para dentro da margem de erro. A ex-prefeita, no entanto, continua com uma taxa de rejeição, de 30%, bem mais alta que a do ex-governador, de 18%.
Se Alckmin, com 31% na simulação de primeiro turno, não obteve desempenho exuberante, manteve sua condição de, até aqui, adversário mais forte da petista. O tucano, que se tornou candidato contra a vontade de uma ampla e influente fatia de sua sigla -e por isso tem dificuldades para colocar a campanha na rua-, aposta na continuidade desse quadro para reunificar o PSDB em torno de seu nome.
Já o prefeito Gilberto Kassab (DEM) não tem motivos para comemorar o resultado do Datafolha. O candidato à reeleição não conseguiu ainda emancipar-se do modesto patamar de 13%. De resto, sua taxa de rejeição é elevada (30%), e a aprovação de seu governo caiu seis pontos percentuais, embora ainda se mantenha em nível relativamente alto: um terço avalia seu desempenho como ótimo ou bom. Para reverter o quadro, a campanha do atual prefeito conta com a propaganda gratuita no rádio e na TV -na qual a chapa de Kassab detém a maior fatia de tempo- e a inauguração de uma série de obras.
Em alguma medida, a distribuição socioeconômica da intenção de voto lembra a da eleição de 2004, com a candidata do PT angariando mais preferência no estrato de menor renda, enquanto os postulantes do PSDB e do DEM se dão melhor nos segmentos logo acima. Mas é uma simplificação exagerada -e equivocada- atestar que uma seria a candidata dos pobres, ao passo que os outros dois dividiriam a preferência dos ricos.
Três em cada quatro eleitores paulistanos declaram que a renda mensal de sua família não ultrapassa cinco salário mínimos, pouco mais de R$ 2.000. É nesse gradiente -onde não há ricos e onde o conceito de classe média difere do habitual em bairros como Moema, Pinheiros e Jardins- que a eleição vai se decidir. O candidato que quiser ser eleito precisará obter votação minimamente homogênea ao longo desse espectro majoritário da população paulistana.


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