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Editoriais
Campanha na rua
Eleição para a prefeitura paulistana vai se decidir na fatia de eleitores cuja renda familiar mensal não ultrapassa R$ 2.000
O DOMINGO de sol em
pleno inverno na capital paulista foi um prato cheio para o início
oficial da campanha para a prefeitura. Na caça ao voto popular,
os destemidos candidatos atacaram caldo verde, pão, lingüiça,
picolé e batidas exóticas, enquanto digeriam a pesquisa Datafolha que, naquela manhã, revelou a fotografia da largada.
A notícia foi positiva para a petista Marta Suplicy, que, com
38% das intenções de voto, apareceu isolada na dianteira e empurrou sua desvantagem ante o
tucano Geraldo Alckmin, na simulação de segundo turno, para
dentro da margem de erro. A ex-prefeita, no entanto, continua
com uma taxa de rejeição, de
30%, bem mais alta que a do ex-governador, de 18%.
Se Alckmin, com 31% na simulação de primeiro turno, não obteve desempenho exuberante,
manteve sua condição de, até
aqui, adversário mais forte da petista. O tucano, que se tornou
candidato contra a vontade de
uma ampla e influente fatia de
sua sigla -e por isso tem dificuldades para colocar a campanha
na rua-, aposta na continuidade
desse quadro para reunificar o
PSDB em torno de seu nome.
Já o prefeito Gilberto Kassab
(DEM) não tem motivos para comemorar o resultado do Datafolha. O candidato à reeleição não
conseguiu ainda emancipar-se
do modesto patamar de 13%. De
resto, sua taxa de rejeição é elevada (30%), e a aprovação de seu
governo caiu seis pontos percentuais, embora ainda se mantenha
em nível relativamente alto: um
terço avalia seu desempenho como ótimo ou bom. Para reverter
o quadro, a campanha do atual
prefeito conta com a propaganda
gratuita no rádio e na TV -na
qual a chapa de Kassab detém a
maior fatia de tempo- e a inauguração de uma série de obras.
Em alguma medida, a distribuição socioeconômica da intenção de voto lembra a da eleição
de 2004, com a candidata do PT
angariando mais preferência no
estrato de menor renda, enquanto os postulantes do PSDB e do
DEM se dão melhor nos segmentos logo acima. Mas é uma simplificação exagerada -e equivocada- atestar que uma seria a
candidata dos pobres, ao passo
que os outros dois dividiriam a
preferência dos ricos.
Três em cada quatro eleitores
paulistanos declaram que a renda mensal de sua família não ultrapassa cinco salário mínimos,
pouco mais de R$ 2.000. É nesse
gradiente -onde não há ricos e
onde o conceito de classe média
difere do habitual em bairros como Moema, Pinheiros e Jardins- que a eleição vai se decidir. O candidato que quiser ser
eleito precisará obter votação
minimamente homogênea ao
longo desse espectro majoritário
da população paulistana.
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