São Paulo, sexta-feira, 27 de março de 2009

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Obama vende propostas em "encontro virtual'

Presidente é o primeiro a transmitir evento ao vivo no site da Casa Branca; educação domina conversa

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Parte de sua estratégia de avançar a agenda progressista e pressionar o Congresso pela aprovação do Orçamento, o presidente dos EUA, Barack Obama, realizou ontem um "encontro virtual" na Casa Branca em que respondeu a perguntas de internautas. Educação e saúde, não a crise econômica, dominaram o evento.
Obama disse que os prédios públicos escolares eram velhos demais e o sistema de ensino, antiquado. Afirmou que sua meta era a saúde pública universal, como no Canadá e no Reino Unido, mas que os americanos deveriam procurar modelo próprio, respeitando sua tradição. Defendeu seus planos para aliviar o mutuário inadimplente e o estudante em dívida.
Por fim, falou até da liberalização da maconha. "Tenho de dizer que uma das perguntas mais votadas era se a legalização da maconha vai ajudar nossa economia e a criação de empregos", disse, entre risos. "A resposta é não, eu não acho que essa seja uma boa estratégia para fazer a economia crescer."
Nas 36 horas que antecederam o "encontro virtual", 3,6 milhões de pessoas votaram nos temas sobre os quais queriam que o presidente falasse -número expressivo, mas que representa cerca de 10% dos que votam semanalmente no vencedor do programa "American Idol". Entre os mais votados ficaram educação e maconha, esse graças à campanha de grupos pró-droga.
No mesmo intervalo, 93 mil pessoas submeteram 105 mil perguntas. Dessas, Obama respondeu a seis, sendo duas feitas em formato de vídeo. Foi assistido ao vivo por 67 mil internautas. Outras cem pessoas, presentes no Salão Leste da Casa Branca, de onde ele falava, fizeram mais seis perguntas. O primeiro grupo não teve direito a interação com o presidente, o que provocou críticas.
O democrata não foi o primeiro a responder questões assim -George W. Bush e Bill Clinton tiveram iniciativas parecidas-, mas foi pioneiro na transmissão ao vivo pelo site da Casa Branca. "Merece crédito pelo esforço e por romper barreiras", escreveu Nicholas Thompson, da revista "Wired". "Usar a rede como maneira sofisticada de promover a democracia é bastante difícil."
O encontro foi mais um passo no papel que o analista político da CNN Bill Schneider batizou de "político em chefe". Obama tem passado parte da semana longe de Washington em encontros com a população em cidades afetadas pela crise. Ontem, optou pelo formato virtual, mas a mensagem era a mesma: é preciso aprovar seu Orçamento para que o país não venha a repetir o modelo que o levou à crise econômica atual.
Obama alia as aparições públicas a participações estratégicas na mídia. Já realizou duas entrevistas coletivas em rede nacional, foi a um talk-show, deu longa entrevista a um programa semanal e ontem, depois do "encontro virtual", gravou mensagem parcialmente em espanhol para ir ao ar na emissora hispânica Univision durante uma premiação musical.
Encerrava com a frase: "Para los nominados que se preguntan si esta será su noche, les digo, ­si se puede!" -vertendo seu slogan de campanha.


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