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Obama vende propostas em "encontro virtual'
Presidente é o primeiro a transmitir evento ao vivo no site da Casa Branca; educação domina conversa
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Parte de sua estratégia de
avançar a agenda progressista e
pressionar o Congresso pela
aprovação do Orçamento, o
presidente dos EUA, Barack
Obama, realizou ontem um
"encontro virtual" na Casa
Branca em que respondeu a
perguntas de internautas. Educação e saúde, não a crise econômica, dominaram o evento.
Obama disse que os prédios
públicos escolares eram velhos
demais e o sistema de ensino,
antiquado. Afirmou que sua
meta era a saúde pública universal, como no Canadá e no
Reino Unido, mas que os americanos deveriam procurar modelo próprio, respeitando sua
tradição. Defendeu seus planos
para aliviar o mutuário inadimplente e o estudante em dívida.
Por fim, falou até da liberalização da maconha. "Tenho de
dizer que uma das perguntas
mais votadas era se a legalização da maconha vai ajudar nossa economia e a criação de empregos", disse, entre risos. "A
resposta é não, eu não acho que
essa seja uma boa estratégia para fazer a economia crescer."
Nas 36 horas que antecederam o "encontro virtual", 3,6
milhões de pessoas votaram
nos temas sobre os quais queriam que o presidente falasse
-número expressivo, mas que
representa cerca de 10% dos
que votam semanalmente no
vencedor do programa "American Idol". Entre os mais votados ficaram educação e maconha, esse graças à campanha de
grupos pró-droga.
No mesmo intervalo, 93 mil
pessoas submeteram 105 mil
perguntas. Dessas, Obama respondeu a seis, sendo duas feitas
em formato de vídeo. Foi assistido ao vivo por 67 mil internautas. Outras cem pessoas,
presentes no Salão Leste da Casa Branca, de onde ele falava, fizeram mais seis perguntas. O
primeiro grupo não teve direito
a interação com o presidente, o
que provocou críticas.
O democrata não foi o primeiro a responder questões assim -George W. Bush e Bill
Clinton tiveram iniciativas parecidas-, mas foi pioneiro na
transmissão ao vivo pelo site da
Casa Branca. "Merece crédito
pelo esforço e por romper barreiras", escreveu Nicholas
Thompson, da revista "Wired".
"Usar a rede como maneira sofisticada de promover a democracia é bastante difícil."
O encontro foi mais um passo no papel que o analista político da CNN Bill Schneider batizou de "político em chefe".
Obama tem passado parte da
semana longe de Washington
em encontros com a população
em cidades afetadas pela crise.
Ontem, optou pelo formato virtual, mas a mensagem era a
mesma: é preciso aprovar seu
Orçamento para que o país não
venha a repetir o modelo que o
levou à crise econômica atual.
Obama alia as aparições públicas a participações estratégicas na mídia. Já realizou duas
entrevistas coletivas em rede
nacional, foi a um talk-show,
deu longa entrevista a um programa semanal e ontem, depois
do "encontro virtual", gravou
mensagem parcialmente em
espanhol para ir ao ar na emissora hispânica Univision durante uma premiação musical.
Encerrava com a frase: "Para
los nominados que se preguntan si esta será su noche, les digo, si se puede!" -vertendo seu
slogan de campanha.
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