São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2008

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Governo dos EUA viola leis de contratação

Relatório oficial mostra que Departamento da Justiça veta advogados de carreira sem afinidade ideológica

DA REDAÇÃO

O Departamento da Justiça dos EUA usou fatores políticos ou ideológicos, nos últimos seis anos, para selecionar advogados de carreira em um programa de recrutamento em universidades de elite, afirma relatório oficial divulgado ontem. Tal procedimento viola as leis e normas de contratação para o serviço público americano.
No ano passado, o então secretário da Justiça, Alberto Gonzalez, caiu no ápice de um escândalo detonado pela demissão de nove advogados que não se alinhavam ao governo Bush. Desta vez, a parcialidade aparece nas contratações.
O relatório, preparado pelo inspetor-geral do departamento, é o primeiro de uma série de investigações detonada pelo escândalo e uma admissão inédita por instâncias oficias de que a pasta da Justiça se tornou um instrumento político sob Bush.
Segundo o documento, as práticas "incorrem em erro de conduta e violam a política do departamento, bem como as leis do serviço público que proíbem discriminação na contratação com base em afiliação política ou ideológica", e foram contestadas pela área de direitos civis da pasta.
O levantamento, que revisou e-mails do processo seletivo, mostra que foram rejeitadas cartas de apresentação com comentários vistos como "esquerdistas" ou até palavras como "justiça social e ambiental". Candidatos que tenham participado de organizações como o Greenpeace ou o Conselho para Ação e Pesquisa sobre Raça e Pobreza foram descartados.
Tais medidas começaram a ser adotadas em 2002, no ano seguinte a Bush assumir a Presidência, quando da ampliação dos poderes do Executivo e do endurecimento pós-11 de Setembro. Na época, assessores reestruturaram o programa seletivo em resposta ao que viam como uma "parcialidade progressista" na contratação de advogados egressos de universidades como Harvard e Yale.
Assim, o recrutamento migrou das mãos do setor de carreiras para as de assessores políticos, que vetavam candidatos vistos como progressistas ou simpáticos à oposição democrata "em proporção significativamente maior" do que aqueles com inclinação conservadora ou republicana, diz o texto.


Com o "New York Times"


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