São Paulo, domingo, 17 de maio de 2009

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Governo encurrala rebeldes no Sri Lanka

Após Tigres Tâmeis perderem saída para o mar, presidente cingalês celebra "vitória sobre o terrorismo"

DA REDAÇÃO

Em ação apontada pelos comandantes militares como o ato final da guerra civil de 26 anos entre o governo do Sri Lanka e o grupo separatista Tigres Tâmeis, as Forças Armadas obtiveram ontem o controle de toda a costa da ilha pela primeira vez em décadas.
Com o avanço, os rebeldes acabaram confinados em uma região de 3,1 km2 e seus líderes perderam a possibilidade de fugir pelo mar, conforme relatos dos militares.
Em visita à Jordânia, o presidente cingalês, Mahinda Rajapaksa, celebrou ontem. "Retornarei para o Sri Lanka como líder de uma nação que se livrou do terrorismo", declarou.
Ele antecipou sua volta à capital Colombo, em virtude dos prognósticos oficiais da proximidade da vitória. "O combate para derrotar o terrorismo chegou à sua última etapa", anunciou o porta-voz do Ministério da Defesa, pasta chefiada pelo irmão do presidente.
Entretanto, a despeito de alardear a perspectiva da vitória sobre a guerrilha como uma questão de horas, o ministério alertou que o capítulo final do confronto que matou mais de 100 mil pessoas pode ser marcado por mais derramamento de sangue.
Em comunicado oficial, a pasta informou que os Tigres "estão preparando um suicídio em massa após terem sido cortadas todas suas vias de fuga" e que não resta outra alternativa a eles além da rendição.
Segundo estimativa da ONU, há entre 30 mil e 80 mil pessoas ainda confinadas na área dos confrontos.
À espreita da derrota, os rebeldes reiteraram os apelos para o governo interromper a ofensiva e retomar o diálogo, para buscar uma solução para o conflito entre a minoria tâmil (18% da população) e a maioria cingalesa (74%).

Crise humanitária
A preocupação internacional sobre a grave situação humanitária na região onde os rebeldes estão confinados cresceu nos últimos dias. Na semana passada, após o único hospital da área, que funcionava improvisado numa escola, ter sido bombardeado em dois dias consecutivos, os funcionários da saúde fugiram, deixando para trás mais de 400 feridos, além de corpos não sepultados.
A Cruz Vermelha alertou para "uma inimaginável catástrofe humanitária" para os feridos cercados sem tratamento.
Na esperança de mitigar o que um dos funcionários da entidade no Sri Lanka definiu como "banho de sangue", o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, enviou para Colombo -pela segunda vez- seu chefe de gabinete, Vijay Nambiar. Seu desembarque estava previsto para ontem.
Segundo o porta-voz do Exército, cerca de 4.500 civis fugiram da zona de conflitos ontem. Eles se juntam aos mais de 200 mil que escaparam nos últimos meses e estão em campos para refugiados.
Gordon Weiss, porta-voz da ONU, externou preocupação com as pessoas confinadas na área de conflito. Ele disse que a condução dos refugiados está sendo realizada apenas pelo governo e que seu estafe não tem acesso ao local.


Com agências internacionais


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