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Votação de Lei Eleitoral na Bolívia empaca, e Morales mantém jejum
Oposição quer adiar exame de texto artigo por artigo ao menos até segunda
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A greve de fome do presidente boliviano, Evo Morales, entrou ontem no segundo dia, em
meio ao impasse entre o governo e a oposição para votar a nova legislação eleitoral, necessária para a realização das eleições gerais de 6 de dezembro.
Durante todo o dia de ontem,
a oposição se recusou a participar da votação "em detalhe",
em que cada artigo é analisado
separadamente. A meta é adiá-la ao menos até segunda, sob a
alegação de que se deve respeitar a Semana Santa, o que pode
prolongar o jejum de Morales.
Desde a manhã de anteontem, Morales faz a greve no Palácio Quemado, situado a poucos metros do Congresso,
acompanhado de simpatizantes. Segundo sua assessoria, ele
tem mascado coca e bebido
água para poder trabalhar.
"Não tenho nenhum problema. Estou como um jovenzinho
de 15 anos", disse Morales, 49,
que realiza sua 18ª greve de fome desde os seus tempos de líder cocaleiro -o recorde pessoal é de 18 dias sem comer.
O presidente reiterou que só
encerrará o protesto após a
aprovação final da Lei Eleitoral
-exigência da nova Constituição, aprovada em referendo em
janeiro, para convocar as eleições de dezembro, quando o esquerdista é favorito para um
novo mandato de cinco anos.
Anteontem, a Lei Eleitoral
foi aprovada em primeira votação, numa sessão que durou 30
horas e terminou com uma intensa troca de insultos.
O principal impasse é a exigência da oposição para realizar um novo censo eleitoral,
sob a alegação de que o atual está defasado. Para Morales, a
medida é desnecessária e visa
apenas adiar a eleição.
Não é a primeira vez que um
mandatário boliviano faz greve
de fome, algo recorrente na política do país. O presidente Hernán Siles adotou a medida nos
dois mandatos: em 1956, para
defender sua política econômica, e em 1984, para pressionar a
oposição por um acordo.
No final de 2006, Morales
enfrentou uma onda de greves
de fome promovida pela oposição por causa da falta de acordo
na Assembleia Constituinte.
Com agências internacionais
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