São Paulo, sábado, 11 de abril de 2009

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Votação de Lei Eleitoral na Bolívia empaca, e Morales mantém jejum

Oposição quer adiar exame de texto artigo por artigo ao menos até segunda

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

A greve de fome do presidente boliviano, Evo Morales, entrou ontem no segundo dia, em meio ao impasse entre o governo e a oposição para votar a nova legislação eleitoral, necessária para a realização das eleições gerais de 6 de dezembro.
Durante todo o dia de ontem, a oposição se recusou a participar da votação "em detalhe", em que cada artigo é analisado separadamente. A meta é adiá-la ao menos até segunda, sob a alegação de que se deve respeitar a Semana Santa, o que pode prolongar o jejum de Morales.
Desde a manhã de anteontem, Morales faz a greve no Palácio Quemado, situado a poucos metros do Congresso, acompanhado de simpatizantes. Segundo sua assessoria, ele tem mascado coca e bebido água para poder trabalhar.
"Não tenho nenhum problema. Estou como um jovenzinho de 15 anos", disse Morales, 49, que realiza sua 18ª greve de fome desde os seus tempos de líder cocaleiro -o recorde pessoal é de 18 dias sem comer.
O presidente reiterou que só encerrará o protesto após a aprovação final da Lei Eleitoral -exigência da nova Constituição, aprovada em referendo em janeiro, para convocar as eleições de dezembro, quando o esquerdista é favorito para um novo mandato de cinco anos.
Anteontem, a Lei Eleitoral foi aprovada em primeira votação, numa sessão que durou 30 horas e terminou com uma intensa troca de insultos.
O principal impasse é a exigência da oposição para realizar um novo censo eleitoral, sob a alegação de que o atual está defasado. Para Morales, a medida é desnecessária e visa apenas adiar a eleição.
Não é a primeira vez que um mandatário boliviano faz greve de fome, algo recorrente na política do país. O presidente Hernán Siles adotou a medida nos dois mandatos: em 1956, para defender sua política econômica, e em 1984, para pressionar a oposição por um acordo.
No final de 2006, Morales enfrentou uma onda de greves de fome promovida pela oposição por causa da falta de acordo na Assembleia Constituinte.

Com agências internacionais


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