São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / IMPASSE PROLONGADO

Hillary evita admitir vitória do adversário

Senadora afirma que só tomará decisão sobre sua candidatura nos próximos dias, em consulta com os líderes do partido

Congressistas de Nova York dizem, após conversa com candidata, que ela aceitará ser vice de Obama; "chapa dos sonhos" uniria partido

Stan Honda/France Presse
No discurso em Nova York, Hillary elogiou a campanha de Obama, mas não retirou candidatura

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Após semanas de especulações sobre sua possível renúncia, a senadora Hillary Clinton deixou em aberto ontem à noite o futuro de sua pré-candidatura à Presidência dos Estados Unidos. "Foi uma longa campanha e não tomarei decisões nesta noite", disse ela, respondendo à própria questão: "Para onde vamos a partir daqui?".
No discurso -proferido pouco antes de Obama se declarar vencedor das prévias do Partido Democrata, mas quando já se sabia que ele obtivera os votos suficientes para ser consagrado candidato na convenção partidária, em agosto-, Hillary disse que definirá o que fazer após ouvir eleitores e conversar com líderes democratas.
Ela se declarou "comprometida" a decidir o que é melhor para que o partido possa "retomar a Casa Branca" nas eleições gerais, em 4 de novembro.
Obama, a quem chamou de "meu amigo", mereceu um tom cordial no discurso. "Quero começar hoje à noite cumprimentando o senador Obama e seus apoiadores na extraordinária campanha que fizeram. O senador Obama inspirou tantos americanos a se interessar por política e fez tantos mais se envolverem. Nosso país e nossa democracia estão mais fortes e vibrantes como resultado."
Ao falar sobre a jornada da candidatura, Hillary disse que "tantas pessoas disseram que esta corrida estava acabada cinco meses atrás em Iowa [primeiro Estado das prévias, onde foi derrotada], mas nós tivemos fé e vocês me trouxeram de volta", disse, citando as vitórias nas eleições seguintes, que lhe deram a liderança na disputa até a chamada Superterça, no mês de fevereiro.
Tendo doadores de campanha de Nova York à sua frente -homens de terno e algumas mulheres com roupa de festa, que tomavam vinho vendido a US$ 5 o copo na sala ao lado da quadra, em uma faculdade da cidade-, Hillary foi aclamada aos gritos de "Sim, ela conseguirá" e "Denver! Denver"!" -em referência à cidade do Colorado que sediará a convenção do partido.
Mais cedo, congressistas de Nova York que participaram de uma conferência por telefone com a candidata disseram que ela se declarou disposta a considerar ser a vice do senador Barack Obama em uma chapa para as eleições presidenciais.
Se confirmada, a declaração devolve ao jogo esperanças quanto a um "dream ticket" (chapa dos sonhos), que uniria novamente um partido profundamente dividido pela ferocidade da campanha de primárias. Ela também representaria um recuo de Hillary, que durante meses disse que só pensaria em uma chapa conjunta que fosse encabeçada por ela.
Para Alexander Keyssar, analista político da Universidade Harvard, "Hillary já vem fazendo campanha pela Vice-Presidência há três ou quatro semanas". E é um jogo em que ela só tem a ganhar: mesmo se não conseguir o posto, "vai colocar Obama na posição de ser aquele que está impedindo a reunificação do Partido Democrata", disse Keyssar à Folha.


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