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ARTIGO
Divisão é um presente para republicanos
BOB HERBERT
DO "NEW YORK TIMES"
Os democratas parecem enfim estar abandonando o pelotão de fuzilamento circular que
tinham adotado como formação. E demoraram demais a fazê-lo. Há muitas coisas que o
Partido Democrata precisa fazer para ter qualquer chance de
conquistar a Casa Branca, e é
bem tarde para que esteja apenas começando.
Só agora o partido começa a
se unir em torno do senador
Barack Obama, que há muito
tempo já parecia ser o candidato provável. Ninguém sabe
quanto tempo vai demorar para que a agremiação supere o
conflito fratricida tornado desnecessariamente amargo pela
ação de Bill e Hillary Clinton.
Os gritos de "McCain 2008!"
ouvidos durante a reunião do
Comitê de Regras e Estatuto do
Partido Democrata, em Washington, no final de semana,
vieram de uma partidária da senadora Clinton. Eles fizeram
lembrar o comentário de Bill
Clinton, de que "seria excelente
que tivéssemos um ano eleitoral no qual os dois candidatos
amassem este país e fossem devotados ao seu interesse". Ele
estava falando sobre Hillary
Clinton e John McCain.
O comentário do ex-presidente serviu muito bem aos esforços sustentados dos inimigos de Obama para retratar o
senador como uma espécie de
figura alienígena, menos que
patriótica.
Os esforços de Obama para
rebater essa linha de ataque foram completamente sabotados
pelos incríveis pastores gritalhões da Igreja da Trindade
Unida de Cristo, lugar que pode
fazer bem à alma, mas tem o
potencial de arruinar um aspirante à Presidência.
Este deveria ter sido o ano
em que os democratas simplesmente avassalariam os republicanos em função da economia,
da política energética, do sistema de saúde, das indicações para a Suprema Corte, do esforço
para reconstruir Nova Orleans.
Mas, em lugar de procurar um
esconderijo, eles estão a cada
dia ganhando confiança em que
os bailes de posse serão dados
por John e Cindy McCain.
Há muita culpa a ser dividida
entre os democratas. O casal
Clinton se comportou de maneira execrável. Mas líderes
partidários tampouco demonstraram coragem e disposição
para impedir que eles promovessem a cisão do partido em linhas étnicas e sexuais.
Quanto a Obama, ele vem enfrentando uma série de problemas próprios que causou sérios
danos à idéia que impulsionou
sua candidatura, a de que ele
representava uma nova forma
de líder político, um candidato
de união que começaria a reduzir as divisões entre os partidos
em termos de raça, classe e até
de convicção política.
Os democratas ainda podem
reparar os danos?
Só se agirem rápido. O partido terá de exibir extraordinária
unidade, e se alinhar rapidamente para curar as feridas. Os
democratas causaram muito
mais danos a si mesmos do que
os republicanos poderiam ter
infligido.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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