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Irlandeses definem hoje nas urnas futuro da União Europeia
Rejeitado em 2008, Tratado de Lisboa precisa de sim em referendo para vigorar
SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS
O tratado que visa dar mais
poder e agilidade à União Europeia (UE) volta a ser submetido
hoje a consulta popular aos
eleitores irlandeses, passo indispensável para que possa entrar em vigor.
O resultado da votação poderá ressuscitar ou enterrar de
vez o chamado Tratado de Lisboa, documento sobre o qual os
arquitetos da construção europeia se debruçam há sete anos e
que incorpora elementos do
projeto, abortado em 2005, de
Constituição para o bloco.
Prevalece nos corredores da
Comissão Europeia, braço executivo da UE sediado em Bruxelas, a expectativa de que a crise econômica mundial pressionará os irlandeses a aprovar o
tratado desta vez.
Na primeira consulta, em
2008, 53% dos eleitores rejeitaram o texto temendo que pudesse obrigar a Irlanda a permitir abortos e a abrir mão de sua
neutralidade militar. Em sua
versão inicial, o Tratado de Lisboa também fora rejeitado por
franceses e holandeses.
Com apoio de quase todos os
grandes partidos políticos, o
governo irlandês orquestrou
nos últimos meses uma campanha de comunicação para explicar à população que a Irlanda foi um dos principais beneficiários do ingresso na UE e que
os efeitos da crise econômica
mundial serão ainda mais devastadores se o país não puder
contar com instituições europeias fortes e coesas.
O tratado pretende facilitar a
tomada de decisões com adoção do voto por maioria qualificada (em vez de unanimidade)
e cria o cargo de presidente da
UE, eleito por cinco anos para
chefiar os conselhos europeus e
representar o bloco no exterior.
Segundo o premiê Brian Cowen, a importância do voto só é
comparável à decisão de aderir
ao bloco europeu, em 1973.
As últimas pesquisas confortaram os euroentusiastas em
Dublin e Bruxelas ao mostrar
que o percentual de apoio ao
tratado oscila entre 48% e 68%,
enquanto os opositores conquistam entre 17% e 33%.
Mas analistas afirmam que a
impopularidade de Cowen pode resultar na rejeição do tratado, que só poderá entrar em vigor se for ratificado pelos 27
países-membros.
Mesmo se aprovado pelos irlandeses, o tratado deverá ainda passar pelo presidente da
República Tcheca, Vaclav
Klaus, que se recusa a assinar o
documento que foi aprovado
pelo Parlamento tcheco. A UE
deixa no ar ameaças de represálias econômicas e políticas caso
Klaus resista. A Polônia promete que ratificará o tratado se ele
for aprovado na Irlanda.
O jornalista SAMY ADGHIRNI viajou a convite da Comissão Europeia
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