São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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Crítica/"Maré, Nossa História de Amor"

Diretora tropeça em pedagogia reiterativa

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Com um passado de jornalista e de militância política de esquerda, Lúcia Murat alimenta seu trajeto de cineasta com reflexões importantes sobre a tragédia social brasileira. Em "Maré, Nossa História de Amor", reencena a paixão de Romeu e Julieta sob o cenário de guerra do tráfico numa favela carioca.
A idéia não é original. Mas nem é isso o que invalida o esforço da diretora de adensar com reflexão social uma narrativa de digestão simples.
A experiência muito bem-sucedida de Murat em "Quase Dois Irmãos" de reinterpretar o passado recente do país pelo viés da ficção não repete aqui nem a força simbólica da história, nem a expressividade de sua construção.
A direção até assume riscos, como filmar coreografias e números musicais. Mas o problema maior reside nas transições forçadas do simbolismo para o realismo, nas quais a cineasta é tragada pela necessidade de reiterar lições, de ser pedagógica no sentido burro do termo.
Para quem fez "Quase Dois Irmãos", "Maré" é um infeliz retrocesso.


MARÉ, NOSSA HISTÓRIA DE AMOR
Produção:
Brasil, 2008
Direção: Lúcia Murat
Com: Cristina Lago, Vinicius D'Black
Onde: hoje no HSBC Belas Artes, Reserva Cultural e circuito
Avaliação: ruim


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