São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2008

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SEXO & SAÚDE

>> Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

Ele vai pegar outra

"Tenho 23 anos e nunca transei. Estou namorando há 5 meses, e ele me pressiona para fazer sexo. Já disse que, se eu não ceder, vai pegar outra. Tive uma criação antiga, e meus pais nunca me deixavam nem namorar. Pratico masturbação desde os 13 e hoje sinto um prazer imenso com isso. O que devo fazer?"

TRANSAR OU NÃO é uma decisão absolutamente pessoal, e a gente não vai dizer aqui para você fazer isto ou aquilo. Mas vamos ajudar a esclarecer alguns pontos da sua história para que sua escolha possa ser feita de uma forma mais tranqüila. Muitos jovens ainda tiveram uma educação à moda antiga: pais que não conversam sobre sexo, controlam a vida dos filhos na questão do namoro e não admitem, em hipótese alguma, uma transa antes do casamento.
Essa educação faz com que o jovem muitas vezes enfrente maior dificuldade em lidar com suas decisões na esfera dos relacionamentos afetivos, já que hoje há uma tendência para que a vida sexual comece mais cedo e para que as experiências sejam um processo de aprendizado que se acumula antes de um relacionamento mais definitivo, como um casamento ou uma parceria estável.
Aos 23, provavelmente, boa parte das suas amigas e amigos já têm vida sexual ativa. Assim, como fica para seu parceiro namorar alguém que não quer fazer sexo por uma decisão pessoal? É claro que não é legal ele ficar ameaçando a relação. Mas deve ser complicado, para ele, não ver nenhuma possibilidade no horizonte.
É lógico que o diálogo com o namorado é fundamental para tentar chegar a um consenso. Mas, se não existe a possibilidade de um meio-termo, temos um problema! Ou ele acaba rompendo para ficar com uma garota que, mais cedo ou mais tarde, queira fazer sexo, ou você não agüenta a pressão e resolve ficar com um garoto que, por exemplo, por princípios religiosos ou por não ter nenhuma pressa em fazer sexo, tope esperar a sua decisão.
Vamos voltar a você: se a masturbação traz um prazer imenso e você percebe que essa é uma sensação importante para sua vida, por que bloquear esse desejo e essa prática a você mesma? Por que não seguir adiante e aprender a dividir essa experiência com outra pessoa? Por que não tentar juntar o prazer físico a uma experiência afetiva? Será que ter intimidade sexual com alguém que você gosta e em quem confia não pode ser uma experiência muito mais completa do que a masturbação?
Para terminar: quem é que, daqui para frente, vai tomar conta e se responsabilizar pela sua vida emocional e sexual? São seus pais ou é você mesma? Não está na hora de enfrentar essa questão?

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