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Guerra Fria / EUA - Raul Juste Lores
O espírito chinês
HÁ MUITOS brasileiros
em Pequim, não só
atletas. Turistas e jornalistas choramingam ao comparar a velocidade da construção da nova China com o Brasil
vagaroso de sempre.
A China desnutrida de 30
anos atrás se transformou em
potência com infra-estrutura
reluzente e consumo feérico
em cada esquina. Sem favelas à
vista, a China já parece bem
mais rica que o Brasil.
Houve um evidente esforço
para esconder mazelas e calar
dissidentes, que engana bem.
Mesmo sem a plástica, a pressa
chinesa supera Usain Bolt.
O Brasil levará décadas para
dar racionalidade a seus impostos, a seus gastos públicos, a
suas universidades gratuitas
para os mais ricos, a melhorar
sua educação. Nos contentamos com pouco.
Enquanto a Europa discute
semanas de trabalho de 35 horas e o Brasil aprova licenças-maternidade de seis meses, a
China corre à toda velocidade.
De uma maneira que não estaríamos dispostos a imitar.
O Spielberg chinês, Zhang
Yimou, ao explicar como dirigiu a cerimônia de abertura dos
Jogos, disse que performances
humanas como aquelas são
possíveis só na China.
"Treinamos duro e com muita disciplina. Atores aceitam
ordens e agem como computadores. Os estrangeiros ficam
admirados. Esse é o espírito
chinês", disse Yimou.
O diretor chinês se queixa de
sua experiência como diretor
de óperas "no Ocidente".
"Lá é tão problemático. Eles
trabalham quatro dias e meio
por semana e têm direito a dois
cafezinhos por dia. Não aceitam nenhum desconforto por
causa dos direitos humanos.
Você não pode criticá-los, eles
sempre pertencem a algum sindicato", reclama.
"Nós podemos agüentar
muita dureza. Os chineses fazem em uma semana o que eles
levam um mês."
O mundo terá que aprender a
competir com os chineses, goste-se ou não do seu espírito.
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