São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2008

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VÔLEI

Mulheres jogam para sepultar as "pipocadas"

Contra EUA, na decisão, seleção testa de vez controle emocional

BRASIL
Meninas, como favoritas, por uma conquista inédita. Horário: 9h


MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

A prata já é inédita, mas as jogadoras da seleção feminina de vôlei entram em quadra hoje pela medalha mais nobre.
A chegada ao topo do pódio nos Jogos de Pequim seria a redenção de uma nova geração do esporte, mais lembrada até aqui pelas "pipocadas" do que pela coleção de troféus acumulados nos últimos quatro anos.
"Esse grupo começou sem muita perspectiva, mas, desde o começo, o que não faltava era vontade. A gente vacilou algumas vezes, mas o time também amadureceu bastante. E a gente tem demonstrado isso", afirma a levantadora Fofão.
O amadurecimento das atletas tem se refletido na quadra. Nunca a equipe esteve tão concentrada e obediente taticamente, fazendo o jogo do Brasil parecer muito fácil. Ganhou todos os sete jogos por 3 sets a 0, inclusive de potências como Rússia (campeã mundial), Itália (campeã da Copa do Mundo) e China (campeã olímpica).
Para conquistar o inédito ouro para o vôlei feminino brasileiro, a seleção tem como obstáculo final os EUA hoje, às 9h. As americanas perderam uma partida em Pequim, para Cuba, na primeira fase. Mas passaram por China, Itália e, na semifinal, deram o troco nas cubanas.
"Se jogarmos com a alma e com o coração, fazemos frente a qualquer um", declarou a meio-de-rede Heather Bown.
Para Fofão, a estratégia é pressionar as rivais desde o início. "Acho que a maneira como a gente está entrando em quadra está assustando um pouco o adversário. A gente tem sido bastante agressiva em alguns momentos e consegue ver que isso, de certa forma, intimida."
De fato, poucos times têm conseguido fazer frente ao arsenal de combinações de ataque de Mari, Sheilla e cia. "Acho que as equipes não estão conseguindo jogar contra o Brasil. Isso é uma prova de que o time está em um momento bom. Temos que aproveitar", diz Fofão.
Descontados os inícios das partidas, principalmente dos nervosos mata-matas, as jogadoras têm demonstrado total equilíbrio, até quando foram forçadas a correr atrás da China no marcador, na semifinal.
"Esse grupo merece chegar aonde está e merece conquistar o ouro. Cuidamos de tudo com muito afinco, da parte física, da parte tática, da parte técnica. É um grupo muito elaborado, trabalhado", afirma o técnico Zé Roberto, que assumiu a equipe às vésperas dos Jogos de Atenas-2004 e, após o quarto lugar na Olimpíada, iniciou uma reformulação do elenco.
Com o novo grupo, o treinador tratou de rodar a equipe e testar novas peças. Nesse caminho, sofreu alguns tropeços.
No Mundial de 2006, a seleção viveu um "déjà vu" dos Jogos da Grécia, desperdiçou match points e igualou a melhor campanha brasileira, com uma prata. No Pan-2007, o time também perdeu o ouro.
"Desde que elas chegaram aqui, têm demonstrado um comportamento diferente, estão mais tranqüilas, sossegadas", afirmou Zé Roberto.
Além de mudar o rumo da história da seleção feminina, o treinador pode imortalizar um feito pessoal. Campeão olímpico com a equipe masculina em Barcelona-1992, pode ser o primeiro a levar ao topo do pódio homens e mulheres no vôlei.
O máximo que as brasileiras conseguiram em quadra em Jogos foram dois bronzes, em Atlanta-1996 e em Sydney-2000, com Bernardinho.


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