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VÔLEI
Mulheres jogam para sepultar as "pipocadas"
Contra EUA, na decisão, seleção testa de vez controle emocional
BRASIL
Meninas, como favoritas, por uma conquista inédita. Horário: 9h
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
A prata já é inédita, mas as jogadoras da seleção feminina de
vôlei entram em quadra hoje
pela medalha mais nobre.
A chegada ao topo do pódio
nos Jogos de Pequim seria a redenção de uma nova geração do
esporte, mais lembrada até
aqui pelas "pipocadas" do que
pela coleção de troféus acumulados nos últimos quatro anos.
"Esse grupo começou sem
muita perspectiva, mas, desde
o começo, o que não faltava era
vontade. A gente vacilou algumas vezes, mas o time também
amadureceu bastante. E a gente tem demonstrado isso", afirma a levantadora Fofão.
O amadurecimento das atletas tem se refletido na quadra.
Nunca a equipe esteve tão concentrada e obediente taticamente, fazendo o jogo do Brasil
parecer muito fácil. Ganhou todos os sete jogos por 3 sets a 0,
inclusive de potências como
Rússia (campeã mundial), Itália (campeã da Copa do Mundo) e China (campeã olímpica).
Para conquistar o inédito ouro para o vôlei feminino brasileiro, a seleção tem como obstáculo final os EUA hoje, às 9h.
As americanas perderam uma
partida em Pequim, para Cuba,
na primeira fase. Mas passaram
por China, Itália e, na semifinal, deram o troco nas cubanas.
"Se jogarmos com a alma e
com o coração, fazemos frente
a qualquer um", declarou a
meio-de-rede Heather Bown.
Para Fofão, a estratégia é
pressionar as rivais desde o início. "Acho que a maneira como
a gente está entrando em quadra está assustando um pouco o
adversário. A gente tem sido
bastante agressiva em alguns
momentos e consegue ver que
isso, de certa forma, intimida."
De fato, poucos times têm
conseguido fazer frente ao arsenal de combinações de ataque de Mari, Sheilla e cia. "Acho
que as equipes não estão conseguindo jogar contra o Brasil. Isso é uma prova de que o time
está em um momento bom. Temos que aproveitar", diz Fofão.
Descontados os inícios das
partidas, principalmente dos
nervosos mata-matas, as jogadoras têm demonstrado total
equilíbrio, até quando foram
forçadas a correr atrás da China
no marcador, na semifinal.
"Esse grupo merece chegar
aonde está e merece conquistar
o ouro. Cuidamos de tudo com
muito afinco, da parte física, da
parte tática, da parte técnica. É
um grupo muito elaborado, trabalhado", afirma o técnico Zé
Roberto, que assumiu a equipe
às vésperas dos Jogos de Atenas-2004 e, após o quarto lugar
na Olimpíada, iniciou uma reformulação do elenco.
Com o novo grupo, o treinador tratou de rodar a equipe e
testar novas peças. Nesse caminho, sofreu alguns tropeços.
No Mundial de 2006, a seleção viveu um "déjà vu" dos Jogos da Grécia, desperdiçou
match points e igualou a melhor campanha brasileira, com
uma prata. No Pan-2007, o time também perdeu o ouro.
"Desde que elas chegaram
aqui, têm demonstrado um
comportamento diferente, estão mais tranqüilas, sossegadas", afirmou Zé Roberto.
Além de mudar o rumo da
história da seleção feminina, o
treinador pode imortalizar um
feito pessoal. Campeão olímpico com a equipe masculina em
Barcelona-1992, pode ser o primeiro a levar ao topo do pódio
homens e mulheres no vôlei.
O máximo que as brasileiras
conseguiram em quadra em Jogos foram dois bronzes, em
Atlanta-1996 e em Sydney-2000, com Bernardinho.
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