São Paulo, terça-feira, 05 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

LOS GRINGOS

JUAN PABLO VARSKY


Sem discussão


Riquelme dita o tempo e o ritmo de seu time. Com ele, não há meio- -termo. Ou é gênio ou é um desastre


RIQUELME É o jogador mais discutido da Argentina. Deveria ser indiscutível. O futebol deveria ser jogado como Román o joga. Sempre sabe o que fará com a bola antes de recebê-la. Sempre faz aquilo que a jogada requer. Riquelme vive do passe. Como recurso defensivo, para que seu time mantenha a posse de bola e a vantagem no resultado. E, sobretudo, para traduzir a posse de bola em perigo, com as adagas que crava no coração da defesa rival.
"Prefiro fazer a assistência para o gol de um companheiro do que fazer um gol", ele disse. Dita o tempo e o ritmo de seu time. Não pode ser coadjuvante.
Ou líder futebolístico, ou nada. Em novembro, completará seu 15º aniversário na primeira divisão argentina. Ganhou quatro Argentinos, três Libertadores, um Mundial juvenil e o ouro olímpico. Deveria ter jogado a Copa-2002, mas Bielsa preferiu Verón e Aimar, que preferem a velocidade à pausa.
De 1999 a 2004, ficou fora da seleção. A chegada de José Pekerman lhe valeu a volta. "No Brasil, Román seria amado e valorizado. A torcida o chamaria de Riquelminho", disse o técnico certa vez. Os dois uniram seus destinos na Copa-2006, na Alemanha. Riquelme acabava de errar o fatídico pênalti contra o Arsenal que eliminou o Villarreal na semifinal da Copa dos Campeões. Não fez má Copa.
Mas com ele não há meio-termo. Ou é um gênio ou é um desastre.
Há quem considere que ele sempre joga bem. Outros pensam que nunca joga bem. Seus críticos encontraram motivo válido para os ataques em sua saída do Villarreal. Seu comportamento temperamental foi reprimido pelo técnico Manuel Pellegrini. Mas seus defensores se recobraram em seguida. Voltou ao Boca em 2007, jogando em nível espetacular, vencendo a Libertadores e voltando à seleção após se aposentar do time nacional no fim da Copa-2006.
Román não gosta de meio-termo. Divide o mundo entre amigos e inimigos. Neste ano, uma temporada repleta de lesões e um contrato milionário alimentaram seus detratores. Após uma derrota por 4 a 1, o técnico Falcioni decidiu tirá-lo do time. Sem ele, a equipe virou um desastre. Não vencia e não tinha padrão de jogo. O técnico voltou a escalá-lo. Desde seu retorno, o Boca venceu dois jogos, e Riquelme fez dois golaços de falta. Agora é sua vez de rir.
Não percam tempo em discuti-lo. A classe de Riquelme terá sempre a última palavra.

JUAN PABLO VARSKY
é colunista de futebol do jornal argentino "La Nación" e do site Canchallena.com

Tradução de PAULO MIGLIACCI


Texto Anterior: Inglaterra: Rooney é suspenso por dois jogos após atitude grosseira
Próximo Texto: Procuradoria ameaça arena do DF
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.