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Ingrediente
Noz-moscada acentua sabor dos alimentos
ANA PAULA BONI
DA REPORTAGEM LOCAL
A noz-moscada, especiaria de uso diverso
tanto em pratos doces
quanto em salgados,
pode causar alucinações, se ingerida em grandes quantidades. Isso não chega a ser, no entanto, motivo de preocupação
na culinária. Para haver efeito
alucinógeno, são necessárias
pelo menos duas colheres de
chá do condimento em uma só
porção, enquanto o comum é
utilizá-lo em pitadas.
"É impossível consumir duas
colheres de chá da noz-moscada em uma porção na culinária", diz Patrícia Fontana, chef
do Grande Hotel São Pedro, hotel-escola do Senac. Segundo
ela, meia colher de café da especiaria moída em um preparo
que sirva quatro pessoas já é o
suficiente para seu sabor começar a se sobrepor ao dos outros
ingredientes.
Em pequenas quantidades, a
noz-moscada atua como flavorizante natural, acentuando características (cor, sabor, textura) dos alimentos que a acompanham, afirma Durval Ribas
Filho, presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia). Além disso, segundo o nutrólogo, ela tem funções digestiva e anti-inflamatória, auxiliando no combate à halitose e à
infecção intestinal.
A especiaria possui também,
diz Ribas Filho, uma substância
capaz de estimular o sistema
nervoso central. Essa substância, a miristicina, é responsável
por inibir uma enzima que inativa neurotransmissores. "Na
quantidade que comemos, ela
também é boa para combater
inapetência e astenia [fraqueza]. Tem uma leve atividade antidepressiva. Em demasia, de
duas a três colheres de chá, porém, pode causar taquicardia,
dor de cabeça e alucinações."
Como suas propriedades se
perdem facilmente, diz Patrícia
Fontana, a noz-moscada deve
ser moída apenas no momento
em que for usada, de preferência na finalização dos pratos.
Originária das ilhas Molucas,
na Indonésia, a especiaria já era
conhecida na Europa por volta
do século 12, segundo a enciclopédia "The Penguin Companion to Food", de Alan Davidson. Depois de séculos de monopólios português e holandês
nas ilhas Molucas, ela se espalhou pelo mundo após uma expedição francesa ter levado
mudas do local, em 1770.
Os ingleses a levaram para
Granada, no Caribe, então sua
possessão e hoje um dos maiores produtores mundiais. No
Brasil, o cultivo se dá no sul da
Bahia e no Pará, para consumo
interno, diz o engenheiro agrônomo Gilberto Fraife, fiscal do
Ministério da Agricultura.
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