São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009
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Ingrediente

Noz-moscada acentua sabor dos alimentos

ANA PAULA BONI
DA REPORTAGEM LOCAL

A noz-moscada, especiaria de uso diverso tanto em pratos doces quanto em salgados, pode causar alucinações, se ingerida em grandes quantidades. Isso não chega a ser, no entanto, motivo de preocupação na culinária. Para haver efeito alucinógeno, são necessárias pelo menos duas colheres de chá do condimento em uma só porção, enquanto o comum é utilizá-lo em pitadas.
"É impossível consumir duas colheres de chá da noz-moscada em uma porção na culinária", diz Patrícia Fontana, chef do Grande Hotel São Pedro, hotel-escola do Senac. Segundo ela, meia colher de café da especiaria moída em um preparo que sirva quatro pessoas já é o suficiente para seu sabor começar a se sobrepor ao dos outros ingredientes.
Em pequenas quantidades, a noz-moscada atua como flavorizante natural, acentuando características (cor, sabor, textura) dos alimentos que a acompanham, afirma Durval Ribas Filho, presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia). Além disso, segundo o nutrólogo, ela tem funções digestiva e anti-inflamatória, auxiliando no combate à halitose e à infecção intestinal.
A especiaria possui também, diz Ribas Filho, uma substância capaz de estimular o sistema nervoso central. Essa substância, a miristicina, é responsável por inibir uma enzima que inativa neurotransmissores. "Na quantidade que comemos, ela também é boa para combater inapetência e astenia [fraqueza]. Tem uma leve atividade antidepressiva. Em demasia, de duas a três colheres de chá, porém, pode causar taquicardia, dor de cabeça e alucinações."
Como suas propriedades se perdem facilmente, diz Patrícia Fontana, a noz-moscada deve ser moída apenas no momento em que for usada, de preferência na finalização dos pratos.
Originária das ilhas Molucas, na Indonésia, a especiaria já era conhecida na Europa por volta do século 12, segundo a enciclopédia "The Penguin Companion to Food", de Alan Davidson. Depois de séculos de monopólios português e holandês nas ilhas Molucas, ela se espalhou pelo mundo após uma expedição francesa ter levado mudas do local, em 1770.
Os ingleses a levaram para Granada, no Caribe, então sua possessão e hoje um dos maiores produtores mundiais. No Brasil, o cultivo se dá no sul da Bahia e no Pará, para consumo interno, diz o engenheiro agrônomo Gilberto Fraife, fiscal do Ministério da Agricultura.


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