São Paulo, sexta-feira, 27 de março de 2009

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Juro para pessoas físicas volta ao nível pré-crise

Mas "spread" está acima dos valores de há 6 meses

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros cobrados nos empréstimos a pessoas físicas voltaram a cair no mês passado e já se encontram abaixo dos níveis observados antes do agravamento da crise internacional, em setembro de 2008.
Ainda assim, a queda se deve, em boa parte, à redução da taxa Selic ocorrida nos últimos meses, já que o "spread" bancário continua acima dos valores de seis meses atrás.
Segundo levantamento feito pelo BC, entre janeiro e fevereiro a taxa média cobrada nos financiamentos a pessoas físicas caiu de 55,1% ao ano para 52,7%. Trata-se do nível mais baixo registrado pelo BC desde agosto de 2008, quando os juros estavam em 52,1% ao ano.
Já o "spread" não teve o mesmo comportamento. Em fevereiro, ele respondia, em média, por 41,5 pontos percentuais do custo de um empréstimo para pessoas físicas. Embora tenha caído em relação a janeiro, o "spread" ainda se encontra acima dos níveis de antes da piora da crise. Em agosto, por exemplo, essa taxa estava em 38,6 pontos percentuais.
A taxa de inadimplência, por sua vez, ficou praticamente estável. Nos empréstimos a pessoas físicas, os pagamentos com atraso superior a 90 dias representavam, em fevereiro, 8,3% do total de financiamentos. Em janeiro, a proporção estava em 8,2%.
"Spread" é a diferença entre a taxa paga pelos bancos para captar dinheiro no mercado e os juros cobrados para repassar esses recursos nos empréstimos a seus clientes. O governo tem pressionado os bancos a reduzir o "spread" para tentar baratear o crédito e estimular a recuperação da economia.
Para o presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Fábio Barbosa, a redução do "spread" bancário no mês passado pode ser o início de uma tendência. Ao participar de audiência pública no Senado, ele disse que o "spread" deve voltar aos níveis anteriores à crise, mas, para uma redução maior e de longo prazo, o governo teria de tomar medidas estruturais, como a aprovação do cadastro positivo.

Empresas
Já nas operações de crédito direcionadas para empresas, a situação foi um pouco diferente. Em fevereiro, as taxas cobradas nesse segmento também recuaram, mas bem menos do que no caso das pessoas físicas. Segundo o BC, o custo médio de um financiamento para pessoa jurídica passou de 31% ao ano para 30,8%.
Além disso, o volume de recursos destinado pelos bancos a empréstimos para empresas cresceu num ritmo bem mais lento do que nos créditos a pessoas físicas. Entre janeiro e fevereiro, a expansão foi de 0,3% e 1,1%, respectivamente.
Diante dos números até agora, o BC reduziu sua projeção para a expansão do crédito neste ano. A estimativa, que era de crescimento de 16%, caiu para 14%. Em 2008, a alta foi de 31%.


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