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Daqui a pouco ela sai e tudo volta ao normal na Daslu, diz vendedora
PAULO SAMPAIO
VERENA FORNETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Preocupada desde o ano passado com a possibilidade de ter
de se afastar do trabalho, a empresária Eliana Tranchesi chegou a reunir suas funcionárias
para orientá-las a "continuar
exercendo naturalmente suas
funções", caso ela fosse presa.
Ontem, pela segunda vez, a Polícia Federal bateu à sua porta,
no casarão do Morumbi.
O movimento na butique,
ontem, esteve tranquilo até demais. "A gente ficou sabendo,
mas não vai mudar nada. Daqui
a pouco ela sai e tudo volta ao
normal", acredita uma das vendedoras do espaço 284, uma
nova marca feminina da Daslu.
"Vamos lá, meninas, se Deus
quiser, vamos vender tudo", diz
uma chefe a suas vendedoras,
tentando animá-las no silêncio
da loja vazia.
A preocupação maior dos
amigos é com o estado de saúde
da empresária, que em 2006
descobriu um câncer no pulmão. No começo deste ano, a
doença recrudesceu e, agora,
foi diagnosticada metástase
nos ossos e região lombar.
Desde fevereiro, ela vem se
submetendo a pesadas sessões
de quimioterapia. "Até há duas
semanas ela não estava saindo
da cama nem pra trabalhar",
diz um amigo. Há cerca de um
mês, Eliana escreveu um bilhete aos seus funcionários, dizendo que a situação de sua saúde é
complicada, mas que ela vai lutar para superar o câncer.
Em setembro de 2006, em
entrevista à Folha, Tranchesi
declarou: "A crise da Daslu e
mais o câncer me fizeram sentir como se eu fosse uma criança deixando abruptamente a
Disney. Até então, eu imaginava a vida como uma grande
brincadeira... Vida, para mim, é
busca da alegria. A Daslu é a
Disney, onde tudo é lindo, as
vendedoras são lindas, o cabelo
é lindo, a roupa é linda, é tudo
bonito. É tudo agradável. Então, de repente, você sai desse
mundo da Disney e cai lá dentro do [hospital Albert] Einstein já com um monte de pacientes com câncer".
Funcionários da Daslu contam que os tempos já não são
os mesmos. Embora não se diga claramente que a contenção
de despesas é consequência
dos problemas com a Receita
desde 2005, os produtores da
loja não recebem mais com
tanta parcimônia sinal verde
para melhorias. Uma produtora diz que a seção de decoração,
por exemplo, que na visão da
própria Eliana precisava de
uma "repaginada urgente",
aguarda quem banque a reforma. "Imagina se antes alguém
esperava permuta para fazer
alguma coisa na Daslu."
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