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Aneel adia prazo de formação de grupos para Belo Monte
Com o cenário ideal de 3 consórcios difícil de se concretizar, governo quer turbinar o segundo grupo incluindo Suez
Até agora, há um consórcio oficial e um 2º garantido; apesar dos esforços da Eletrobras para formar 3º concorrente, faltou fôlego
LEILA COIMBRA
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na tentativa de salvar o leilão
da usina de Belo Monte (PA) do
fracasso e promover uma disputa entre dois ou três grupos,
a Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) adiou o prazo
para a formação de consórcios,
que venceria hoje, para a próxima sexta-feira, às 18h.
O governo avalia que o ideal
seria a formação de pelo menos
três consórcios para a disputa,
mas a expectativa de assessores
do presidente Lula é que apenas dois participem do leilão.
"O terceiro não deve sair mais",
disse um assessor à Folha.
Até agora, só um está confirmado oficialmente para participar do leilão, o formado por
Andrade Gutierrez, Vale, Votorantim e Neoenergia. Um segundo, porém, já está garantido
e vai contar com um fundo de
pensão como sócio.
Ontem, horas antes de adiar
as inscrições, a agência havia
prorrogado o prazo para os depósitos das garantias financeiras, que também terminaria
hoje, para a próxima sexta-feira no mesmo horário. O valor a
ser depositado, de R$ 190 milhões, corresponde a 1% do investimento total da obra (R$ 19
bilhões). A data do leilão permanece no dia 20 de abril.
Na tarde de ontem, executivos da Eletrobras ainda tentaram, sem sucesso, junto às empresas privadas interessadas, a
possibilidade de formar três
grupos, mas faltou fôlego financeiro para isso: o edital exige que o somatório das empresas do consórcio possua patrimônio líquido de pelo menos
R$ 1,9 bilhão -o equivalente a
10% do valor do investimento.
A estratégia do Planalto agora, segundo apurou a Folha, será turbinar o segundo consórcio após o leilão: a ideia é incluir a Suez, operadora de
energia, no pacote que já conta
com OAS, Queiroz Galvão, Bertin e Serveng, entre outras. A
Eletrobras deterá fatia de 49%
do grupo vencedor do leilão
por meio de suas subsidiárias.
A definição de como as subsidiárias vão se dividir entre os
consórcios deve ser divulgada
até amanhã.
Do lado dos fundos de pensão, o Petros, ligado aos funcionários da Petrobras, irá fazer
parte do segundo grupo para
alavancar sua capacidade financeira. No primeiro consórcio, liderado pela Andrade, fará
parte a Previ, que não irá entrar como fundo de pensão,
mas por meio de suas controladas Neoenergia e Vale.
Um terceiro fundo de pensão
deverá participar do projeto, o
Funcef, da Caixa Econômica
Federal. Ele irá se apresentar
ao consórcio vencedor como
"sócio estratégico", cuja participação é permitida após a definição do vencedor do leilão.
A ideia inicial do governo era
que a Suez liderasse o terceiro
consórcio, mas as negociações
com a empresa não avançaram.
Na semana passada, o presidente da Suez no Brasil, Maurício Bahr, disse à Folha que Belo Monte "é um projeto muito
grande e ainda sem garantias
de viabilidade".
O governo tenta agora que a
Suez se associe ao segundo grupo após o leilão, caso ele venha
a ser o vencedor. Isso porque
esse grupo possui só empresas
interessadas em ser fornecedoras da usina (empreiteiros).
Há a possibilidade da participação de até cinco construtoras na composição do segundo
consórcio. Essa é uma preocupação do governo, já que o edital limita em 20% a participação de empreiteiras no leilão.
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