São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2010

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Aneel adia prazo de formação de grupos para Belo Monte

Com o cenário ideal de 3 consórcios difícil de se concretizar, governo quer turbinar o segundo grupo incluindo Suez

Até agora, há um consórcio oficial e um 2º garantido; apesar dos esforços da Eletrobras para formar 3º concorrente, faltou fôlego

LEILA COIMBRA
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na tentativa de salvar o leilão da usina de Belo Monte (PA) do fracasso e promover uma disputa entre dois ou três grupos, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) adiou o prazo para a formação de consórcios, que venceria hoje, para a próxima sexta-feira, às 18h.
O governo avalia que o ideal seria a formação de pelo menos três consórcios para a disputa, mas a expectativa de assessores do presidente Lula é que apenas dois participem do leilão. "O terceiro não deve sair mais", disse um assessor à Folha.
Até agora, só um está confirmado oficialmente para participar do leilão, o formado por Andrade Gutierrez, Vale, Votorantim e Neoenergia. Um segundo, porém, já está garantido e vai contar com um fundo de pensão como sócio.
Ontem, horas antes de adiar as inscrições, a agência havia prorrogado o prazo para os depósitos das garantias financeiras, que também terminaria hoje, para a próxima sexta-feira no mesmo horário. O valor a ser depositado, de R$ 190 milhões, corresponde a 1% do investimento total da obra (R$ 19 bilhões). A data do leilão permanece no dia 20 de abril.
Na tarde de ontem, executivos da Eletrobras ainda tentaram, sem sucesso, junto às empresas privadas interessadas, a possibilidade de formar três grupos, mas faltou fôlego financeiro para isso: o edital exige que o somatório das empresas do consórcio possua patrimônio líquido de pelo menos R$ 1,9 bilhão -o equivalente a 10% do valor do investimento.
A estratégia do Planalto agora, segundo apurou a Folha, será turbinar o segundo consórcio após o leilão: a ideia é incluir a Suez, operadora de energia, no pacote que já conta com OAS, Queiroz Galvão, Bertin e Serveng, entre outras. A Eletrobras deterá fatia de 49% do grupo vencedor do leilão por meio de suas subsidiárias.
A definição de como as subsidiárias vão se dividir entre os consórcios deve ser divulgada até amanhã.
Do lado dos fundos de pensão, o Petros, ligado aos funcionários da Petrobras, irá fazer parte do segundo grupo para alavancar sua capacidade financeira. No primeiro consórcio, liderado pela Andrade, fará parte a Previ, que não irá entrar como fundo de pensão, mas por meio de suas controladas Neoenergia e Vale.
Um terceiro fundo de pensão deverá participar do projeto, o Funcef, da Caixa Econômica Federal. Ele irá se apresentar ao consórcio vencedor como "sócio estratégico", cuja participação é permitida após a definição do vencedor do leilão.
A ideia inicial do governo era que a Suez liderasse o terceiro consórcio, mas as negociações com a empresa não avançaram. Na semana passada, o presidente da Suez no Brasil, Maurício Bahr, disse à Folha que Belo Monte "é um projeto muito grande e ainda sem garantias de viabilidade".
O governo tenta agora que a Suez se associe ao segundo grupo após o leilão, caso ele venha a ser o vencedor. Isso porque esse grupo possui só empresas interessadas em ser fornecedoras da usina (empreiteiros).
Há a possibilidade da participação de até cinco construtoras na composição do segundo consórcio. Essa é uma preocupação do governo, já que o edital limita em 20% a participação de empreiteiras no leilão.


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