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Gripe traz mais risco a grávidas, diz estudo
Conclusão de centro de doenças dos EUA sugere que algumas pessoas sejam vacinadas antes das demais, entre elas as gestantes
De 15 de abril a 16 de junho, dos 45 óbitos ligados à gripe suína notificados ao órgão, 13% foram de gestantes; 7 grávidas morreram no Brasil
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Mulheres grávidas que são
contaminadas com o vírus da
gripe suína têm risco maior de
desenvolver sintomas graves e
de morrer, sugere estudo realizado por pesquisadores do
CDC (Centro de Prevenção e
Controle de Doenças) dos EUA
e publicado na revista "Lancet".
O estudo se baseou nas mortes de seis grávidas entre os 45
óbitos ligados ao vírus que foram notificados ao CDC entre
15 de abril e 16 de junho -o que
representa 13% dos casos.
Até ontem, pelo menos sete
grávidas -não há detalhes de
todas as vítimas- tinham morrido no Brasil em decorrência
do vírus, entre os 61 casos relatados (11,5% do total).
Na semana passada, o ministro da Saúde José Gomes Temporão recomendou que as gestantes evitem frequentar locais
fechados e com aglomeração de
pessoas, por causa da facilidade
de transmissão do vírus. Infectologistas e obstetras ouvidos
pela Folha concordaram com a
orientação do governo.
Especialistas do mesmo
CDC recomendaram ontem
que algumas pessoas devem ser
vacinadas antes das demais,
entre elas as grávidas.
A lista de prioridades inclui
ainda mães de recém-nascidos,
crianças e jovens na faixa de 6
meses a 24 anos e pessoas de 25
a 64 anos com asma, diabetes e
doenças cardíacas.
A recomendação se deve à
previsão de que não haverá vacina para todos os norte-americanos. As recomendações do
CDC costumam ser acatadas
pelo governo.
Mulheres saudáveis
Segundo o levantamento do
CDC, as gestantes que morreram devido à gripe suína eram
saudáveis antes de se contaminarem, desenvolveram pneumonia e tiveram que ser colocadas em respiração artificial.
Considerando-se que as grávidas representam cerca de 1%
da população dos EUA, os pesquisadores consideram a mortalidade pela gripe muito alta.
Denise Jamieson, autora do
estudo, reconhece que esse número é instável (porque depende do número de mortes relatadas naquele momento), mas
orienta que as grávidas que têm
alguma suspeita informem o
médico imediatamente.
Ainda segundo ela, é preciso
administrar medicamentos antivirais às grávidas rapidamente, de preferência nas primeiras
48 horas dos sintomas.
O infectologista Carlos Magno Fortaleza, chefe do Departamento de Doenças Infecciosas
da Unesp, diz que a mortalidade entre as grávidas chama a
atenção. De acordo com ele,
gestantes com sintomas como
febre alta e tosse ou dor de garganta devem ser internadas nos
hospitais de referência.
"Estamos seguindo a recomendação do Ministério da
Saúde de internar essas grávidas por precaução, já que os resultados dos exames demoram
algum tempo para sair", diz.
Já o infectologista Francisco
Hideo Aoki, professor da Unicamp, afirma que é muito cedo
para afirmar que as grávidas
têm risco aumentado.
"A série histórica ainda é
muito pequena para fazer esse
tipo de afirmação", pondera.
"Não devemos criar um alarde. Grávidas devem receber um
olhar diferenciado e tomar as
precauções, como lavar sempre
as mãos e evitar locais fechados. Mas isso não justifica adiar
uma gestação", diz a ginecologista Fabiana Sanches, coordenadora da Saúde da Mulher do
Hospital Santa Marcelina.
Obesos
Já um estudo do CDC sobre
obesos os afastou dos grupos de
risco para a doença. Segundo o
órgão, o percentual de obesos
entre os mortos pela doença
nos EUA (38%) é quase igual ao
da população americana (34%).
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