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Obra do metrô pode danificar mais 200 casas, diz consórcio
Construção da linha 4-amarela já causou estragos em 783 imóveis; 25 foram desocupados
Diretor do consórcio diz que danos são normais em obra desse porte; para diretor do Instituto de Engenharia, túnel mais fundo evitaria problema
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As obras da futura linha 4-amarela do metrô causaram estragos em 781 imóveis nos 13
quilômetros que separam as estações República (região central) e Vila Sônia (zona oeste).
Outras 200 casas ainda podem sofrer algum tipo de dano
até o final das obras, em 2010,
de acordo com uma estimativa
do Consórcio Via Amarela, responsável pela construção.
Os danos detectados vão desde a ruptura de canos até rachaduras mais graves, que culminaram na desocupação de 25
imóveis até agora. Os moradores tiveram que ser alojados em
hotéis ou em outras casas, com
o aluguel pago pelo consórcio.
Para o diretor de contrato do
Via Amarela, Marcio Pellegrini
Ribeiro, os danos encontrados
são normais para uma obra
desse porte. "Em qualquer
construção de metrô e em qualquer lugar do mundo é assim.
Esses problemas acontecem."
Os estragos, segundo ele, são
conseqüência da movimentação do solo, que em alguns locais é de qualidade ruim e muito heterogêneo. Com a perfuração do túnel, o lençol freático
nessas áreas sofre rebaixamento, gerando a reacomodação do
solo que se reflete na superfície
e causa as rachaduras e fissuras
nos imóveis.
Segundo Roberto Kochen,
diretor do Instituto de Engenharia e professor da Poli-USP
(Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), o problema poderia ter sido evitado se o
túnel tivesse sido escavado em
profundidade maior, dentro de
uma área composta apenas por
rochas. Assim, a movimentação
do lençol freático seria menor.
Reparos
Os 781 imóveis que apresentaram problemas sofreram reparos, segundo o consórcio.
Mas eles só passarão por obras
definitivas depois que o lençol
freático assentar, o que pode
acontecer de um a três meses
após o término da construção
do túnel, programado para dezembro deste ano.
Moradores ouvidos anteontem pela Folha disseram te
mer que os reparos nos imóveis
não sejam realizados após o
término da construção do túnel porque não receberam nenhum documento do consórcio
com essa garantia. A empresa
afirma que eles receberam uma
carta que garante a realização
dos reparos e aconselha aos
moradores que quiserem que
peçam aos engenheiros da obra
a realização de um relatório detalhado dos danos.
Uma das áreas mais afetadas
pelas obras do metrô foi o entorno da estação Butantã (zona
oeste). Como a Folha divulgou
ontem, 20 imóveis tiveram que
ser desocupados em sete ruas
da região -de quatro deles os
moradores ainda não saíram,
13 estão desocupados no momento e três já foram desocupados e, após reparos, os moradores voltaram.
Na região, o trecho que teve
imóveis afetados foi maior do
que o previsto inicialmente pelo consórcio, considerado como área de influência das obras
-que era de um raio de até 50
metros de cada lado do túnel.
Mas algumas casas a 300 metros do túnel também apresentaram rachaduras ocasionadas
pelas escavações. Segundo o
consórcio, isso ocorreu porque
o solo se "mostrou pior do que
se previa" no estudo inicial.
O promotor da Vara de Habitação e Urbanismo Roberto
Carramenha contesta a explicação de "imprevisibilidade".
Segundo ele, esse foi o mesmo
argumento utilizado após o acidente em Pinheiros que matou
sete pessoas. Laudo do IPT
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas) diz que houve erros de
execução nas obras.
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