São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009

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Ministros mineiros priorizam agenda em MG

Pré-candidatos, Patrus (Desenvolvimento Social) e Hélio Costa (Comunicações) concentram mais de 80% de viagens oficiais em Minas

Peemedebista diz que paga com recursos próprios suas idas a BH; petista afirma ser "natural" receber convites para eventos em seu Estado

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Pré-candidatos ao governo de Minas Gerais em 2010, os ministros Hélio Costa (PMDB) e Patrus Ananias (PT) têm concentrado no Estado as suas agendas oficiais, com os dias de trabalho e os custos de deslocamento pagos pela União. No caso do peemedebista, o uso da máquina federal inclui a transformação do programa Luz para Todos em uma espécie de comitê de pré-campanha.
Patrus, ministro do Desenvolvimento Social e responsável pelo Bolsa Família, principal programa social do país, concentrou em Minas 83% de suas viagens nacionais de meados de abril a meados de agosto -os meses cuja agenda foi tornada pública pelo ministério.
Nesse período, o petista fez 47 visitas a municípios do país, sendo 39 deles em Minas. Foram 15 passagens oficiais por Belo Horizonte, onde foi prefeito de 1993 a 1996.
No caso de Costa, senador licenciado e ministro das Comunicações, o volume mineiro de sua agenda oficial atinge 92%. Das 50 visitas que fez a municípios brasileiros no mesmo período, 46 foram em Minas, sendo 11 para Belo Horizonte.
Em pré-campanha, tanto Patrus como Costa incluem nas suas agendas eventos pouco relacionados a seus ministérios. O petista, por exemplo, deslocou-se ao Estado para tributo a um político, plenária de sindicato e lançamento de livro.
Já Costa, além de 31 inaugurações de agências dos Correios e de telecentros (acesso à internet), nada fora de Minas, investe no Luz para Todos.
O programa é de responsabilidade do Ministério de Minas e Energia, mas, no Estado, foi recentemente ocupado por peemedebistas e pessoas próximas ao ministro. O loteamento do Luz para Todos em Minas começou no final do ano passado, quando Furnas escalou Sinval Ladeira para a coordenação regional do programa. Ladeira é amigo de Costa e antigo colaborador de suas campanhas.
A etapa seguinte foi a contratação de peemedebistas como agentes do programa. Um edital de Furnas exigia experiência técnica aos novos agentes. Mas a empresa vencedora do pregão não examinou currículos. Contratou peemedebistas indicados por Ladeira: antigos assessores, ex-prefeitos, o irmão de uma assessora de Costa e o filho de um ex-deputado.
"O processo de seleção é através do Sinval. Foi por indicação", disse Aldimar Filho, agente do programa e filho de um ex-deputado estadual. Hélio Costa é presença constante em eventos do Luz para Todos: em Caxambu, Patos de Minas e Chácara, por exemplo.
Segundo a CGU (Controladoria Geral da União), percebida a contratação de indicados políticos para o Luz para Todos, "Furnas deve adotar providências tempestivas visando a corrigi-la", além de solicitar a "substituição dos prestadores de serviço que não possuam a qualificação exigida no edital".

Terceiro elemento
Enquanto concentram suas agendas em Minas e sonham encabeçar uma chapa única da base do presidente Lula, Patrus e Costa buscam se desvencilhar de um obstáculo comum: o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), também na disputa à sucessão de Aécio Neves (PSDB).
Pimentel, que tem uma relação difícil com Costa, tem viajado pelo interior -diz ter visitado ao menos 35 municípios. No plano nacional, tem concentrado sua agenda em Brasília, costurando a pré-candidatura de Dilma Rousseff (Casa Civil), de quem é amigo.
Adversário de Pimentel em Minas, Patrus primeiro tentou se posicionar como um soldado de Lula. Declarou que sua prioridade era a eleição de Dilma, dando a entender que não seria empecilho para aliança com o PMDB. A avaliação de petistas é que Patrus cometeu um erro e perdeu pontos no partido.
No PMDB, chegar ao governo é um sonho antigo de Costa, já derrotado em duas eleições (1990 e 1994). Embora integre o primeiro escalão de Lula, ele também trabalha por um entendimento com o PSDB.


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