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Palocci e Dirceu ajudam a conter Mercadante
A pedido de Lula, czares do primeiro mandato participaram de reunião em que senador foi convencido a revogar o "irrevogável"
O próprio senador redigiu primeira versão de carta em que presidente pede que ele fique, mas Lula reprovou texto e Dulci o reescreveu
FERNANDO RODRIGUES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise política no Congresso
e a ambiguidade no comando
político do PT nos últimos meses levaram o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva a buscar
apoio direto de seus principais
auxiliares no primeiro mandato: os ex-ministros José Dirceu
e Antonio Palocci Filho.
Os dois foram convidados
por Lula para participar de uma
reunião reservada no último
dia 20 com Aloizio Mercadante
(PT-SP). O líder da legenda no
Senado havia anunciado renunciar ao posto em caráter
"irrevogável". Alegava ser contra uma decisão partidária de
engavetar as acusações contra
José Sarney (PMDB-AP).
Palocci e Dirceu ajudaram
Lula a construir o discurso para
o senador recuar no dia seguinte, o que de fato ocorreu. Mais
do que isso, a presença dos dois
no encontro foi uma demonstração de como o presidente
desejava encerrar a crise no
Congresso.
Lula respeita a experiência
política de Dirceu e Palocci,
dois "anjos caídos" do primeiro
mandato que ele tenta reabilitar politicamente. O presidente
gosta pessoalmente do ex-ministro da Fazenda, a quem sempre ouve sobre economia.
A relação com Dirceu é mais
fria do ponto de vista pessoal,
mas o ex-ministro da Casa Civil
tem excelente relação com a titular da pasta, Dilma Rousseff.
Lula acha que Dirceu, que chefiou sua campanha vitoriosa
em 2002, deve ser um dos estrategistas de Dilma.
Mercadante foi confrontado
com o fato de que o PT passava
por um momento de fragilidade diante de uma parcela da
opinião pública mais bem informada. Era a mesma semana
na qual a senadora pelo Acre,
Marina Silva, anunciara a saída
do partido para ingressar no
PV. Se o líder no Senado também entregasse o cargo, haveria um aprofundamento desnecessário desse desgaste.
Acertou-se então que uma
carta assinada por Lula seria lida por Mercadante no dia seguinte. O próprio Mercadante
fez a primeira versão da carta.
No entanto, Lula achou o texto
laudatório num tom acima do
que gostaria. O presidente estava, de fato, furioso com Mercadante. Palocci e Dirceu o acalmaram. Para a segunda versão
da carta, foi acionado o secretário-geral da Presidência, Luiz
Dulci. A versão que foi usada no
dia seguinte é de Dulci.
Para os que estiveram na reunião, o episódio selou a volta de
Palocci e Dirceu ao jogo de articulação política para 2010.
Dirceu saiu da Casa Civil e teve seu mandato de deputado federal cassado por causa do escândalo do mensalão, em 2005.
Palocci renunciou ao cargo de
ministro da Fazenda em 2006
sob acusação de ter quebrado o
sigilo bancário de um caseiro
-processo arquivado na última
quinta-feira pelo Supremo.
Os dois participam do time
de estrategistas da pré-campanha de Dilma ao Planalto.
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