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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Outro lado
Empresas negam que entrega de brinde a eleitor seja irregular
Segundo proprietários, as pesquisas de outras campanhas majoritárias fazem o mesmo, "dão brinde e ajuda de custo'
DA REPORTAGEM LOCAL
Contratados pela campanha
à reeleição do prefeito Gilberto
Kassab (DEM), os empresários
Antônio Prado, da APPM, e
Sérgio Corrales, diretor executivo da Network Pesquisa de
Mercado, negaram que seja irregular a entrega de brindes para eleitores que são abordados
por suas empresas no centro de
São Paulo.
Prado, que na APPM é sócio
do cientista político Antônio
Lavareda, um dos principais estrategistas de marketing do
DEM, disse que as outras campanhas majoritárias "fazem o
mesmo".
"As pesquisas qualitativas da
Marta [Suplicy-PT], as pesquisas qualitativas do Geraldo
[Alckmin-PSDB], todos eles
dão brindes, fazem pesquisas e
dão brindes, dão ajuda de custo.
Então, se para fazer uma pesquisa não pode dar brinde, todos são culpados perante a lei.
Duvido que um juiz, em sã
consciência, pense uma besteira dessas [que o brinde é ilegal]", disse Prado.
Ele não apresentou provas de
suas afirmações, orientou apenas a Folha a entrevistar os
marqueteiros das campanhas.
Ouvidas, as duas principais coligações, do PT e do PSDB, negaram que adotem estratégias
semelhantes (leia ao lado).
"Porque não estamos induzindo ninguém a nada, então
nós podemos dar o brinde. Nós
estamos querendo só colher a
opinião do cidadão. Colhida a
opinião do cidadão, não há nenhum problema em se dar um
brinde. Se houver algum problema, todos [outras campanhas] são culpados", defendeu
Prado.
Corrales alega que o brinde é
estímulo ao eleitor. "É difícil as
pessoas já votarem. As pesquisas mostram que 60% dos eleitores não votariam se não fosse
obrigatório. Imagina fazer uma
pesquisa. A gente tem quer dar
um incentivo, afinal, as pessoas
são racionais", disse.
Em texto entregue à Folha,
as empresas informaram que
"nenhum eleitor é induzido a
responder que aprova a administração Kassab. Ele pode ser
perguntado, no recrutamento,
qual é a sua avaliação da administração. Mas, de novo, esse é
um dado da análise da campanha. (...) À campanha não interessa maquiar nenhum resultado, pois os resultados da pesquisa feita servem unicamente
à orientação de suas decisões
internas".
No texto, as empresas afirmam: "O brinde, que nada tem
de eleitoral e, frise-se, é dado
pela empresa e não pela campanha, é uma gentileza, um
agradecimento à pessoa que
gastou meia hora de seu tempo
para avaliar os comerciais. E
essa prática é absolutamente
rotineira e usual em campanhas políticas e na avaliação de
comerciais normais, de produtos". Segundo as empresas, o
método adotado é o "central location". "O método consiste
em recrutar eleitores em pontos de fluxo (daí o nome, localização central) e exibir a esses
eleitores comerciais para que
eles digam se gostaram ou não
gostaram. E, se vendo aquele
comercial aumenta, diminui ou
é indiferente em relação à vontade de votar no candidato que
é objeto do comercial exibido",
diz o texto. Segundo os empresários, o método "no Brasil é
utilizado desde a campanha de
FHC [Fernando Henrique Cardoso] à reeleição em 1998".
(RUBENS VALENTE)
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