São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Outro lado

Empresas negam que entrega de brinde a eleitor seja irregular

Segundo proprietários, as pesquisas de outras campanhas majoritárias fazem o mesmo, "dão brinde e ajuda de custo'
DA REPORTAGEM LOCAL

Contratados pela campanha à reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM), os empresários Antônio Prado, da APPM, e Sérgio Corrales, diretor executivo da Network Pesquisa de Mercado, negaram que seja irregular a entrega de brindes para eleitores que são abordados por suas empresas no centro de São Paulo.
Prado, que na APPM é sócio do cientista político Antônio Lavareda, um dos principais estrategistas de marketing do DEM, disse que as outras campanhas majoritárias "fazem o mesmo".
"As pesquisas qualitativas da Marta [Suplicy-PT], as pesquisas qualitativas do Geraldo [Alckmin-PSDB], todos eles dão brindes, fazem pesquisas e dão brindes, dão ajuda de custo. Então, se para fazer uma pesquisa não pode dar brinde, todos são culpados perante a lei. Duvido que um juiz, em sã consciência, pense uma besteira dessas [que o brinde é ilegal]", disse Prado.
Ele não apresentou provas de suas afirmações, orientou apenas a Folha a entrevistar os marqueteiros das campanhas. Ouvidas, as duas principais coligações, do PT e do PSDB, negaram que adotem estratégias semelhantes (leia ao lado).
"Porque não estamos induzindo ninguém a nada, então nós podemos dar o brinde. Nós estamos querendo só colher a opinião do cidadão. Colhida a opinião do cidadão, não há nenhum problema em se dar um brinde. Se houver algum problema, todos [outras campanhas] são culpados", defendeu Prado.
Corrales alega que o brinde é estímulo ao eleitor. "É difícil as pessoas já votarem. As pesquisas mostram que 60% dos eleitores não votariam se não fosse obrigatório. Imagina fazer uma pesquisa. A gente tem quer dar um incentivo, afinal, as pessoas são racionais", disse.
Em texto entregue à Folha, as empresas informaram que "nenhum eleitor é induzido a responder que aprova a administração Kassab. Ele pode ser perguntado, no recrutamento, qual é a sua avaliação da administração. Mas, de novo, esse é um dado da análise da campanha. (...) À campanha não interessa maquiar nenhum resultado, pois os resultados da pesquisa feita servem unicamente à orientação de suas decisões internas".
No texto, as empresas afirmam: "O brinde, que nada tem de eleitoral e, frise-se, é dado pela empresa e não pela campanha, é uma gentileza, um agradecimento à pessoa que gastou meia hora de seu tempo para avaliar os comerciais. E essa prática é absolutamente rotineira e usual em campanhas políticas e na avaliação de comerciais normais, de produtos". Segundo as empresas, o método adotado é o "central location". "O método consiste em recrutar eleitores em pontos de fluxo (daí o nome, localização central) e exibir a esses eleitores comerciais para que eles digam se gostaram ou não gostaram. E, se vendo aquele comercial aumenta, diminui ou é indiferente em relação à vontade de votar no candidato que é objeto do comercial exibido", diz o texto. Segundo os empresários, o método "no Brasil é utilizado desde a campanha de FHC [Fernando Henrique Cardoso] à reeleição em 1998". (RUBENS VALENTE)


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