São Paulo, domingo, 05 de julho de 2009

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Relação entre guerra política e crise satisfaz Lula e Sarney

Plano força PMDB a defender candidatura de Dilma e PT a apoiar o presidente do Senado

Peemedebista diz que falta de apoio do DEM influencia estratégia política de Lula em 2010, que agora tenta manter sua governabilidade

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A estratégia de relacionar a crise do Senado às eleições de 2010 é conveniente à intenção de José Sarney (PMDB-AP) de desviar o foco da série de ilegalidades e imoralidades da Casa que preside. No entanto, ela realmente reflete o que dizem nos bastidores Sarney e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Atribuir a retirada do apoio do DEM a um lance da guerra pela conquista do poder em 2010 serve ao propósito de Sarney de forçar o PT a bancá-lo na Presidência do Senado.
Ao mesmo tempo, reaproxima aliados que andaram se estranhando, o que atende ao plano de Lula de levar o PMDB a apoiar a provável candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Na eleição para a Presidência do Senado, em fevereiro, os dois principais partidos da oposição se dividiram. O DEM apoiou Sarney, enquanto o PSDB fechou com o candidato que foi derrotado, Tião Viana (PT-AC). A fórceps, a crise do Senado reaglutinou os campos situacionista e oposicionista.
Ao pregar a licença de Sarney, o DEM retirou uma sustentação política que necessitava ser preenchida. Daí Sarney alegar que o enfraquecimento do grupo peemedebista no Senado respingará em Lula e numa eventual aliança nacional entre PMDB e PT em 2010.
A um ano e meio do final do governo, o presidente tem como prioridade minimizar o potencial de dano à CPI da Petrobras, ainda não instalada. Se Sarney for levado a uma licença temporária ou, pior na avaliação do governo, à renúncia, seria aberta a possibilidade de CPIs ou derrotas sucessivas no Senado até dezembro de 2010.
Anteontem, em conversa de uma hora, Lula e Sarney acertaram estratégia para enfrentar a crise. Enquanto o peemedebista buscará reforçar laços com os partidos aliados e mostrará uma série de medidas sobre desmandos no Senado, o presidente continuaria a combater resistências no PT.
Lula teme mais pela sua governabilidade do que pelo fracasso de uma aliança eleitoral. O Senado é uma Casa do Congresso na qual o petista tem maioria instável desde o primeiro mandato.

Na Câmara
Apesar da preocupação com a aliança eleitoral ser menor, Lula avalia que os peemedebistas do Senado, aliados desde o primeiro mandato, são fundamentais para evitar uma dependência muito grande da ala da Câmara -que só se tornou aliada no segundo mandato.
Líderes do grupo da Câmara, como o presidente da Casa, Michel Temer (SP), e o ministro Geddel Vieira Lima (BA), têm boa relação com o governador de São Paulo, José Serra, potencial candidato do PSDB à Presidência.
O grupo de Sarney e do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), vem se enfraquecendo paulatinamente na comparação com a ala da Câmara. Uma perda maior de poder no Senado poderia complicar a viabilização oficial de uma aliança do partido com Dilma.
O PMDB virou o aliado preferencial do PT pelo peso no Congresso e pelas vantagens que pode oferecer a um candidato: têm as maiores bancadas nas duas Casas, possui bases em todos os Estados e na maioria dos municípios e, por último, é dono de um significativo e cobiçado tempo de TV no horário eleitoral gratuito.


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