|
|||
VIDA SELVAGEM Eles só brigam por abraços
GABRIELA ROMEU ENVIADA ESPECIAL A SÃO MIGUEL ARCANJO (SP) Os muriquis, os maiores primatas das Américas, vivem na copa das altas árvores da mata atlântica. Se eles morassem em cidades, habitariam o topo de prédios com até dez andares de altura. E foi justamente para descobrir como é a vida desse primata que corre o risco de sumir de uma vez por todas do planeta que a Folhinha fez uma expedição na mata. Mas tem gente fazendo algo para evitar a extinção do macaco. Maurício Talebi, 39, da Associação Pró-Muriqui, pesquisa há 13 anos os muriquis-do-sul no Parque Estadual Carlos Botelho (sul de São Paulo). Foi ele quem liderou nossa aventura, que começou às 5h, quando ainda estava escuro. E não demorou muito para um primeiro tropeço entre as raízes. Depois, um tombo ao enroscar um pé num tronco. E ainda atoleiros em lamaçais e perseguições de insetos de variados tamanhos. Até que Talebi disse que sentia um cheiro adocicado: as fezes dos muriquis, quando ainda frescas, têm um odor doce e anunciam que eles estão próximos. Xiiu! Era preciso ficar quieto para não assustar os bichos em seu acordar bem preguiçoso. Foram 20 minutos com o pescoço torcido para cima, sussurrando e tentando avistar um e outro do grupo -eram uns 30 no meio das folhagens. De repente, um macaco começou a balançar nos galhos e sumiu no meio do verde. Atrás veio uma fêmea, acompanhada por um filhote, que seguia a mãe de pertinho: parecia com medo de se perder no mar de árvores da floresta. Eles se movem rapidamente na mata: a cauda, com um metro, ajuda a dar impulsos entre as árvores. E lá se foram os muriquis atrás de um local com comida para o início do dia. "Os muriquis vivem numa sociedade igualitária, eles são pacíficos. A única disputa que existe é por abraços", explica Talebi. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
Copyright Folha Online. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha Online. |