São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

Que frio na barriga!

Na montanha-russa ou no barco viking, essa e outras sensações estranhas têm explicação

MARA OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se há um programa que não pode faltar nas férias, é uma visita a um parque de diversão. Mas já pensou no que ocorre com o seu corpo em atrações radicais como a montanha-russa ou a torre que despenca do altão?
Descubra a seguir quando o coração bate mais forte, por que em alguns momentos não dá nem para gritar e até a razão de sentir sede depois de encarar um brinquedo pra lá de radical.

Mais pesado sem engordar
Na montanha-russa, naquela parte do percurso em que acabamos de passar por uma descida bastante veloz e estamos prestes a iniciar uma subida também em alta velocidade, o nosso corpo se comprime (fica pressionado) na cadeira, por causa da brusca mudança de direção que ocorre no trajeto. Esse aumento da compressão nos dá a impressão de que o nosso peso aumentou. Assim, experimentamos ser mais pesados sem engordar!
[Montanha-russa"

Até na fila
Em que momento, na montanha-russa, você acha que o coração bate mais depressa? Acertou quem disse: "Na fila". Essa foi a descoberta feita por um grupo de estudantes no parque Hopi Hari. "Eles mapearam os batimentos cardíacos das pessoas ao longo da montanha-russa e perceberam que ele aumenta conforme se caminha na fila", conta Márcio Miranda. Quando passamos a catraca e ficamos à espera do carrinho, o nosso coração bate mais depressa do que em qualquer outro momento. Quem diria!

Grito que não sai
Se você reparar, é difícil gritar ao despencar da torre. Isso acontece porque, para colocar a boca no mundo, é preciso que o diafragma empurre o pulmão para cima. Só que, em queda livre, esses dois órgãos vão cair ao mesmo tempo e fica difícil dar esse empurrãozinho.

Que frio na barriga!
Uma das razões para sentirmos o famoso friozinho na barriga está ligada à mudança na concentração do fluxo do sangue do nosso organismo. Durante a queda na torre, por exemplo, o sangue costuma se concentrar no cérebro, no coração e no pulmão. E sua quantidade diminui no aparelho digestivo, o que gera um desconforto. A queda livre também contribui para essa sensação. Isso porque entre o esôfago e o estômago existe uma tração, ou seja, é como se o estômago estivesse "pendurado" no esôfago. Só que, durante a queda, esse tracionamento deixa de existir, aumentando o desconforto.

Coração na boca
Ao sair de um brinquedo radical, há quem diga que está com o coração na boca, já que parece que ele está batendo ali. Essa sensação surge porque o sangue exerce uma pressão maior nas paredes dos vasos (como as artérias e as veias) que o transportam pelo nosso corpo quando embarcamos em atrações desse tipo. A sensação de coração na boca pode vir do fato de a aorta (vaso sangüíneo importante do organismo, que passa bem pelo pescoço) estar aumentando e diminuindo de tamanho com mais intensidade.

De ponta-cabeça
Muita gente fecha os olhos em brinquedos que nos fazem ficar de ponta cabeça. Mas isso tem uma explicação. Sabia que cerca de 80% do equilibro vem da visão? Pois é: embora o aparelho vestibular também nos ajude a perceber que não estamos mais em nossa posição natural, a visão tem um papel importante nessa percepção. E fechar os olhos nos ajuda a sentir menos o impacto de ver o mundo de pernas para o ar.
[Desenho de um brinquedo como o evolution"

Totalmente zonzo
Sabe por que ficamos tontos ao girar em brinquedos como as xícaras dançantes? No interior do nosso ouvido, há o chamado aparelho vestibular, que é responsável pela manutenção do nosso equilíbrio. Ele é formado por canais que têm quase a forma de um círculo, dentro do quais há um líquido e pêlos curtinhos. Quando nós nos balançamos, esse líqüido também balança, arrastando os pêlos, o que nos faz perceber esse movimento. Se ficarmos muito tempo girando, a bordo de um brinquedo, porém, ao sairmos dele continuaremos com a sensação de que tudo está rodando. Tudo porque vai acontecer com o líqüido que há no nosso aparelho vestibular o que ocorre quando giramos um balde cheio de água. Mesmo depois de pararmos o movimento, a água que há dentro do balde continuará em movimento, assim como ocorre com o líquido dentro do nosso ouvido.

Ai que sede!
Em geral, ninguém percebe. Mas, depois de experimentar alguma atração radical, dá logo uma sensação de sede. Isso ocorre por causa do desequilíbrio hormonal que acontece no nosso organismo durante a experiência, com a elevação dos níveis de adrenalina e, a seguir, da acetilcolina (leia mais sobre eles ao lado).

Xixi de medo!
Será que, ao andarmos em algum brinquedo radical, corremos risco de fazer xixi de medo? Antes e durante o passeio, não. Mas, depois, saiba que é até possível. Sob a ação da adrenalina, o esfíncter da uretra e do reto (anéis musculares que controlam a saída da urina e das fezes) ficam travados. Só quando o corpo relaxa, sob a ação da acetilcolina, é que há o risco de fazer xixi. Bem, tome cuidado depois de sair da montanha-russa!

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