Em Araçuaí, em Minas Gerais, a leitura é uma folia. Nessa cidade do vale do Jequitinhonha, crianças participam da Folia do Livro para fazer a biblioteca circular de bairro em bairro.
Foi uma idéia do educador Tião Rocha, 58, para tirar as crianças daquela região pobre de uma "UTI educacional". Mas ele só deu a idéia. E o povo fez uma festa de livro inspirada na Folia de Reis, que tem cortejo, bandeira e batucada.
Funciona assim: os moradores -crianças, jovens e adultos- levam os livros nos balaios das mulas até uma comunidade. No caminho, todos cantam sobre a importância da leitura, e o foguetório anuncia que os livros estão por perto.
O cortejo chega à casa de um morador, que recebe a bandeira, os livros e os leitores. Ele será o bibliotecário do naquele período.
É aí que a festa começa mesmo. As mães preparam os "biscoitos escrevidos": biscoitos de polvilho em forma de letra que ajudam os meninos a aprender a ler de forma bem gostosa.
Na folia, tem gente que toca viola, uns fazem batucada, outros contam histórias. E as crianças puxam um livro para ler. "A idéia é fazer chover livro na cabeça de menino", brinca Tião.

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