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Dilma infla ação federal na venda de computadores
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RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
Na semana em que priorizou a "inclusão digital" em seu site, Dilma Rousseff (PT) apontou números de vendas de computador acima dos divulgados pelo mercado, errou cálculos e supervalorizou o papel do governo na comercialização de PCs.
No programa "Fala Dilma" de anteontem, a petista disse considerar o programa federal Computador para Todos como muito importante no aumento do número de famílias brasileiras com PCs.
De acordo com a pré-candidata petista, o objetivo do programa era baratear o preço por meio da redução dos tributos e massificar as vendas com financiamentos do Banco do Brasil e da Caixa à população interessada.
"Em 2004, quando o programa foi criado, eram em torno de 5,5 milhões de computadores vendidos. Hoje, hoje que eu falo é 2009, são 17 milhões de computadores comercializados", afirmou.
"Nós multiplicamos por três vezes e meia o número de computadores vendidos no Brasil", completou a petista.
Os números não batem com os do mercado: a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) afirma, com base em levantamento da consultoria IT Data, que foram vendidos 12 milhões de unidades de PCs em 2009 (5 milhões a menos do que diz Dilma), sendo 30% por meio do comércio ilegal.
Outra consultoria, a IDC, aponta vendas de 11 milhões.
Em relação à data e aos cálculos de Dilma, o Computador para Todos foi criado no final de 2005 (não em 2004). E, mesmo considerando os números citados, a multiplicação é de três vezes, e não de "três vezes e meia", como disse a pré-candidata.
QUEDA DOS PREÇOS
Dilma dá a entender que atribui somente ao governo a expansão da venda de computadores -que chegaram a 18 milhões de lares em 2008, mais do que o dobro de 2004.
Um dos motivos do aumento foi de fato a isenção de tributos que o governo concedeu ao setor, mas a expansão foi estimulada também pelas quedas do dólar e dos preços dos computadores em todo o mundo, além do aumento da renda do brasileiro, segundo as consultorias.
Se considerado só o programa original (que não previa desoneração), o universo de unidades comercializadas cai drasticamente.
O programa tem dois pilares: no primeiro, o BNDES financia o varejo a adquirir computadores para revenda a um preço limite e juros de até 3% ao mês. O orçamento permitiria ao varejo adquirir não mais que cerca de 1 milhão de computadores.
A outra ponta era a possibilidade de o cidadão obter financiamento no BB e CEF. Essa linha foi desativada em dezembro de 2008. A IT Data diz que só 1,2 milhão de computadores foram vendidos de 2006 a 2008 pelo programa.
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