São Bernardo do Campo, com 800 mil habitantes, é grande demais para ser resumida apenas a uma cidade universitária. Entretanto, com 12 universidades e 50 mil alunos, há uma parcela da economia do município que respira a vida acadêmica.
De acordo com Marcus Santaguita, presidente da ACIGABC (associação do setor imobiliário do ABC), construtoras investem em apartamentos para locação no entorno das faculdades como forma de atrair os estudantes a— longo prazo, muitos se tornam compradores, já que ficam na cidade após obter o diploma.
"Depois de quatro ou cinco anos, os estudantes estão acostumados com a cidade. Além disso, o imóvel é mais barato que na capital", diz Santaguita.
"A vida dos jovens em São Bernardo do Campo tem um caráter mais transitório, mas eles movimentam o comércio local", afirma Rivana Marina, vice-reitora do Centro Universitário da FEI, onde 20% dos 7.500 alunos são de outras cidades.
Um deles é Daniel Ito, 20, de Itapetininga (170 quilômetros da capital), que desembarcou há um ano para estudar engenharia de produção na FEI. Trocou a casa dos pais por uma república no bairro Assunção, a menos de 2 quilômetros do campus, onde compartilha a rotina de estudo e festa com o irmão e outros oito colegas.
Juntos, eles dividem o aluguel de R$ 4.500 da casa com três quartos, sala de jogos, churrasqueira e terraço. Com as despesas incluídas, a conta fica no máximo em R$ 600 por mês para cada.
A cada semestre, eles organizam uma festa no local para 300 convidados, com entrada a R$ 40. "A vizinhança sabe que é uma república. Não temos problemas. Nossas festas são realizadas no horário permitido, das 10h às 22h."
Morador da mesma república desde 2013 após sair do Tatuapé, (zona leste de São Paulo), Lucas Esquivel, 25, não quis deixar a casa após se formar em engenharia no ano passado na FEI.
"Gosto de São Bernardo e o valor que pago aqui não encontro em outro lugar", afirma ele, que atualmente trabalha na Vila Olímpia (zona sul da capital).