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ABCD/Osasco/Guarulhos

Fábrica de louça moldou história da cidade de Mauá

Abundância de argila e mão de obra barata transformaram Mauá, na região metropolitana de São Paulo, na capital da porcelana até meados do século 20.

A cidade foi a primeira no Brasil a possuir uma fábrica de louça fina. No auge da produção, entre os anos 50 e 70, chegou a ter em torno de 20 fábricas abertas.

A história da cidade com os pratos, xícaras e pires começou em meados de 1914, quando a primeira indústria do ramo chegou à região. A Fábrica de Louças Viúva Grande e Filhos, ou apenas Grande, foi aberta num terreno espaçoso no bairro do Jardim Zaíra, hoje ocupado por uma unidade do Sesi.

Acervo Museu Barão de Mauá
Diretoria da Porcelana Real e funcionários apresentam o setor de pintura aos visitantes, em 12/11/1955. Acervo: Museu Barão de Mauá Doação: Lívia Maria ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Diretoria e funcionários da Porcelana Real apresentam fábrica a visitantes em 1955

"A empresa foi construída a partir de uma olaria e teve bastante dificuldade para entrar no ramo industrial", afirma José Hermes, historiador e especialista em pesquisa do Museu do Instituto de Estudos Brasileiros da USP.

Dois anos depois, um grupo de imigrantes italianos que trabalhava na Grande decidiu abrir uma fábrica própria, a Paulista, próxima ao rio Tamanduateí.

A região contava com argila de qualidade e os terrenos eram baratos. Além disso, havia abundância de água e mão de obra, conta Hermes.

PRODUÇÃO

Atrás do sucesso das pioneiras, entre os anos 1920 e 1940 chegaram à cidade a Fábrica Nacional de Artefatos de Porcelana Brasilusa, a Santa Helena, a Cerqueira Leite, a Porcelana Mauá e a Porcelana Real, que mais tarde foi adquirida pela Porcelana Schmidt, uma das mais conhecidas marcas de louças finas brasileiras.

"A Schmidt chegou em 1948 à cidade, três anos após sua fundação em Santa Cantarina, e no auge da produção ofereceu emprego para quase metade da população local. Foi uma fábrica grande e importante", conta o professor William Puntschart, responsável pelo Museu Barão de Mauá, que preserva a história do município.

Nos anos 60, o vidro e o plástico tomam o espaço da porcelana nas mesas.

"Os padrões estéticos mudaram. O moderno era usar vidro e plástico, que começaram a substituir a louça", explica o historiador.

As fábricas resistiram até os anos 1970, mas sucumbiram à perda da mão de obra para a então crescente indústria automobilística na região do ABC paulista.

Atualmente, há apenas duas fábricas na região, ambas de origem japonesa.

A Mizuno fabrica de tigelas e pratos a artigos de oratório como castiçal, vaso e porta-incenso. Ela mantém uma loja na rua Espírito Santo, 91, no Jardim Cruzeiro, tel.: (11) 4576-1845.

Já a Kojima produz pratos, xícaras, chaleiras e enfeites com pinturas feitas à mão. Sua loja fica na rua Shigueo Kojima, 80, no Jardim São Gabriel, tel.: (11) 4576-2166.

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