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Zona Leste

Com espigões e metro quadrado mais em conta, Vila Prudente muda de cara

Raquel Cunha - 2.mar.2016/Folhapress
Prédio na Vila Prudente, bairro que se desenvolveu pela estação de monotrilho
Prédio na Vila Prudente, bairro que se desenvolveu pela estação de monotrilho

A Vila Prudente é uma região acostumada a superlativos. É lá que fica a Cepam, autoproclamada a maior padaria da América Latina, que conta com 2.300 m² e 530 lugares para sentar. E a Santa Coxinha, casa com mais de 50 variedades do salgado e um lanche que pesa três quilos e tem 7.500 calorias.

É também o distrito da zona leste com um dos maiores números de lançamentos imobiliários dos últimos anos –foram 10 empreendimentos desde 2013, cifra menor apenas que a do Tatuapé, com 19, e a do Carrão, com 11. De 2006 a 2015, a Vila Prudente recebeu 13.542 novos apartamentos, segundo dados da consultoria Brasil Brokers.

A mudança é visível. Casas de muros baixos e pequeno comércio dão lugar a espigões e edifícios com estrutura completa de lazer, especialmente nas áreas próximas às estações da linha 2-verde do metrô e 15-prata do monotrilho, abertas em 2010 e 2014, respectivamente.

"Ninguém sai do Brooklin para morar na Vila Prudente. Quem compra um dos novos apartamentos da região é quem já mora no bairro ou saiu de outros lugares da zona leste e deseja estar mais próximo da estrutura urbana, mas sem perder suas raízes", diz Marcelo Bonanata, diretor de vendas da Helbor.

A incorporadora é responsável pelo Spazio Helbor, com entrega prevista para julho de 2017 no distrito. São apartamentos com área de 100 m² e três dormitórios. Cada unidade custa R$ 750 mil.

O valor do metro quadrado do empreendimento está abaixo da média da cidade de São Paulo, que gira em torno de R$ 9.200, de acordo com o Secovi-SP (Sindicato da Habitação). Mas está acima do valor médio para o distrito –o metro quadrado na Vila Prudente chegou a R$ 5.860 em agosto, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).

Só a rua Ibitirama, a mesma da padaria Cepam, por exemplo, tem dois prédios novos: o Selfie São Paulo, da Atua, e o Space Vila Prudente, feito pela incorporadora ACH. Em ambos, o valor do metro quadrado gira em torno de R$ 6.800.

Em comum os empreendimentos também têm o padrão, com áreas de lazer que incluem piscinas, espaço gourmet, área com equipamentos de academia, quadra e até cinema e brinquedoteca para as crianças.

BOLA DA VEZ

"A zona leste é o foco de desenvolvimento de São Paulo hoje porque tem o valor do metro quadrado defasado e a infraestrutura urbana em expansão. Em alguns pontos, como na Vila Prudente e no Tatuapé, esse desenvolvimento se dá mais rápido", diz Valter Caldana, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie.

Além do metrô e do monotrilho, a região atraiu nos últimos anos universidades, como a Uninove, e o Shopping Mooca Plaza, aberto em novembro de 2011.

Para a professora Ana Cláudia Passos, 36, que mora na Vila Prudente desde que nasceu, há lugares que mudaram tanto que hoje estão irreconhecíveis. "Temos uma infraestrutura de serviços maior agora. De metrô, você chega em poucos minutos na Paulista. Mas ainda temos a favela a poucos minutos de casa, muito trânsito, alagamentos. Isso não muda."

Para Caldana, os problemas são reflexo de uma fase de transição. Assim como há distritos dentro da zona leste mais desenvolvidos que outros, o mesmo acontece na Vila Prudente -onde há áreas com mais infraestrutura e outras com menos.

"Isso está na conta. Não tivesse inundação e trânsito, o preço do metro quadrado seria mais alto. O governo e a prefeitura deverão resolver alguns desses problemas nos próximos anos. Mas o preço dos imóveis deve subir", afirma Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.

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