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01/04/2011 - 16h40

Estilista brasileira conquista guarda-roupa de Kate Middleton

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CHRIS MELLO
DE SÃO PAULO

Na noite em que foi pedida em casamento pelo príncipe William, Kate Middleton ganhou o anel com a safira de 18 quilates que foi de Lady Di --e a Issa, apontada como marca oficial da futura rainha da Inglaterra, ganhou um belo "upgrade".

Kate usava na noite um vestido Issa no tom da pedra do anel. Era o que faltava para Daniella Helayel, a brasileira criadora da marca, entrar no radar da massa consumidora de moda.

Com contrato assinado em março para abrir sua primeira loja mundial no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, Daniella tem motivos para dizer que "2011 vai ser intenso". O vestido de Kate esgotou em horas no site de "e-commerce" Net-à-porter.

O desfile da Issa na última Semana de Moda de Londres, com ênfase nas estampas, ganhou capa do jornal "Sunday Times". E o nome de Helayel entrou na especulação sobre quem substituiria John Galliano --deletado da Dior depois de suas polêmicas declarações antissemitas-- como estilista do vestido de Kate na entrada na abadia de Westminster, no dia 29 de abril.

O zunzunzum também pode ter sido estimulado pelo recente lançamento da linha Issa para noivas. Mas fato é: Kate é frequentadora do ateliê de Daniella no bairro de Chelsea, em Londres. "Não falo sobre Kate. Há um sigilo de alma. Posso dizer que, em 2006, ela foi fotografada pela primeira vez de Issa e, desde então, tem sido outras", reserva-se. Sobre o posto de estilista oficial, Daniella explica: "Não existe 'marca oficial'. Se você se veste só de Chanel, pode dizer que sua marca é Chanel. Se você veste Miu Miu, é Miu Miu. É mais por aí."

Helayel, 40, uma carioca "self-made", educou-se no Fashion Institute of Technology, de Nova York, e na inglesa Central Saint Martins e se construiu tentando seguir o essencial do marketing: definir seu consumidor, propor um produto para esse alvo e --o desafio-- fazer com que tal público adote sua marca.

Cheia de curvas, a estilista desenha suas roupas pensando em mulheres possíveis. Faz vestidos de jérsei que afinam a silhueta, valorizam pontos como colo e pernas e têm um quê sexy. Fashionistas construtivistas torcem o nariz para o frisson em torno da Issa por considerarem-na uma fórmula avançada da criada por Diane von Furstenberg para os popularíssimos "wrap dress" (ou vestidos-envelope). Você enrola no corpo, amarra como um roupão e pronto! "A ideia é mesmo que a mulher se arrume fabulosamente em dois minutos", diz Daniella.

O x é que até quem critica a marca reconhece que a Issa tem algo essencial para o caimento: bom corte. O trabalho é feito por Leslie Poole, um senhor inglês de 74 anos, com expertise na Savile Row --famosa rua londrina de alfaiataria--, que vara o dia espetando manequins de pano para ter o molde perfeito. "É o gênio por trás da Issa", confessa a dona da marca.

Philippe Kliot/.
Com lançamento de loja própria no shopping Cidade Jardim, estilista Daniela Helayel cai no gosto dos fashionistas
Com lançamento de loja própria no shopping Cidade Jardim, estilista Daniela Helayel cai no gosto dos fashionistas

"Ii girls"

Daniela chegou a Londres em 1999. "Me hospedei no St. Martin's Lane Hotel por seis meses para me recuperar do estresse de Nova York, onde morava antes. Fazia festas de arromba: Hugh Grant [o designer de sapatos], Patrick Cox e [o estilista] Alexander McQueen sempre acabavam lá", relembra. Nessas festas, Daniella ficou amiga de "it girls" londrinas.

O termo, cunhado pela romancista Elionor Glyn, descreve originalmente meninas de caráter magnético. Hoje, é usado desmedidamente para apontar garotas aditas por moda, que a mídia especializada usa para ilustrar páginas --e os estilistas adulam por inspirarem seguidoras.

Valendo-se do poder midiático das "it", Daniella vestiu a herdeira da Harrod's Camila Al Fayed, as designers Margharitta Missoni e Charlotte Dellal e fez uma festa-desfile. O nome Issa começou a circular em publicações internacionais. Hoje, veste clientes ilustres como Scarlet Johanson, Hillary Swank e Madonna, que terá Issa no figurino de seu filme "WE".

As festas continuam, mas em outro ritmo. "Acordo cedo e não faço mais tanta festa, embora às vezes acredite que danço melhor do que faço roupas." Reflexo dos tempos pós-crise financeira de 2008, que fez o mundo da moda apertar os cintos.

Surfistas

Na base da equipe em Londres há gregas, africanas, chinesas e árabes que fazem as peças se encaixarem a tipos físicos e costumes de diferentes países --que acabam revertidas em vendas para 250 pontos no mundo.

Daniella conta ter costurado muito pano e tingido muito jérsei com chá Lipton na banheira, há dez anos, quando começou... Mas, nos últimos anos, acompanha a estamparia em fábricas da China, onde fica um mês a cada três. "Comemorei vários aniversários com trabalhadores chineses", brinca.

Mesmo com uma produção tão globalizada, a Issa garante a identidade brasileira em um fator essencial. As estampas são criadas em Búzios, desde o início, por um amigo designer e surfista. Não à toa. Issa é o que gritam surfistas quando pegam uma boa onda.

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