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Monge e fotógrafo, Nicholas Vreeland relembra início no budismo
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CHICO FELITTI
"Vovó, eu sou... Eu sou... Eu sou budista." Foi com essa frase que Nicholas Vreeland contou à avó, a francesa radicada em Nova York Diana Vreeland (1906-1989), qual era sua vocação, muitos anos antes de o budismo virar moda. E olha que de adiantar tendências Diana entendia. Ela criou o ofício de editora de moda e, com ele, revolucionou as revistas "Vogue" e "Harper's Bazaar", entre os anos 1940 e 1970.
Mas não conseguiu ser moderna dentro de casa. "Ela disse: 'Como você pôde fazer isso comigo?' E eu respondi: 'Eu não fiz isso com você, vovó. Fiz comigo mesmo'", conta Nicholas, 57, ainda budista. E mais do que nunca.
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Ele hoje é monge ordenado, acompanha o Dalai Lama como fotógrafo oficial em todas as suas viagens e ainda dirige o Tibet Center em Nova York.
Foi um longo caminho entre sair dos Estados Unidos e voltar para convencer socialites a colaborar com a defesa da criação do Estado do Tibete.
Joshua Bright | ||
Neto da lendária editora de moda Diana Vreeland, Nicholas é monge budista e fotógrafo oficial do Dalai Lama |
A terra do Dalai Lama só foi um país independente entre 1913 e 1959. Depois, foi tomada pela China e continua até hoje sob seu domínio.
Logo após a fatídica saída do armário religioso, em 1979, ele deixou o apartamento da vovó, uma cobertura toda decorada em vermelho na Park Avenue, e foi morar num monastério no Tibete, onde não tinha nem direito a uma cama. "Caminho do Meio é como os budistas chamam a busca do conhecimento e da iluminação. Em outras palavras, é a vida", explica.
Nicholas expôs pela primeira vez, na galeria Leica, em Nova York, em 2011. Na mostra, 20 retratos que ele fez dentro dos muros do monastério e que estavam à venda por R$ 2.000 ou mais. Com o dinheiro, pretendia ajudar a reconstruir o prédio onde moram os monges, na Índia.
Foi uma reviravolta total em sua vida. Quando foi para o monastério de Rato Dratsang, aos 23 anos, Nicholas nem levou câmera. Depois de alguns meses de intensivo em autoconhecimento, a família lhe despachou alguns equipamentos. Entre eles, uma câmera Leica e uma Lomo.
NA GAVETA
Mas ele retomou os retratos de uma maneira diferente. "Mantenho as câmeras fechadas numa gaveta. Só as saco quando estou completamente confortável com o tema que fotografarei. Não desejo fazer fotojornalismo."
E, como sua realidade nos anos 1980 era a vida que levava com outros 120 monges, os carecas em togas amarelo-canário e cor de vinho serviram como modelos.
Depois de passar um ano e pouco atazanando seus companheiros de meditação com cliques, o chefe do monastério o chamou para uma conversa.
O que parecia ser uma bronca era um pedido: o Dalai Lama precisava de alguém que o retratasse para a capa de um dos seus livros. E lá foi o pequeno discípulo ter com o maior representante vivo de Buda.
Assim, Nicholas Vreeland se tornou o fotógrafo oficial do Dalai Lama. "Ele sempre me surpreende com sua simplicidade. A maior lição que me deu na vida é que, se uma coisa é simples e próxima, ela é relevante."
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