Conheça os parklets, minipraças instaladas em vagas de carros

Quem circula pelos arredores do Conjunto Nacional, na avenida Paulista, depara-se com uma estrutura robusta de madeira com bancos, mesas, plantas e até um pequeno bicicletário ocupando o espaço de duas vagas de carros junto à calçada da rua Padre João Manuel. O local é compartilhado por pedestres, moradores da região e funcionários de empresas próximas, que aproveitam a área para conversar, almoçar ou ler.

Implantados em São Francisco (EUA), que lançou o primeiro projeto oficial em 2010, os parklets são minipraças instaladas no espaço de uma vaga de carro que chegaram ao Brasil em 2013 trazidos pela ONG Instituto Mobilidade Verde, e começam a cair no gosto da iniciativa privada.

Com um nome que faz trocadilho com o ato de estacionar ("parking", em inglês) e parques ("parks"), os parklets têm tomado forma desde que o prefeito Fernando Haddad (PT) assinou o decreto que regulamenta as instalações, em abril.

Ainda são apenas três na cidade –os outros estão na rua Coronel Oscar Porto, na Vila Mariana, zona sul, e na rua Isabel de Castela, na Vila Madalena, zona oeste.

De acordo com a prefeitura, mais um foi aprovado e aguarda a instalação, seis estão sob avaliação do município e mais 12 solicitações foram feitas –11 delas na região de Pinheiros. Todos esses 19 projetos são patrocinados por empresas ou por lojistas da área onde serão instalados.

Piero Mazzamati irá instalar um parklet em frente a seu restaurante, o Pita Kebab, na rua Francisco Leitão, em Pinheiros. Para ele, a ação pode atrair visibilidade e clientes, além de gerar um "sentimento de comunidade" nos moradores.

Os custos de instalação, de acordo com a prefeitura, vão de R$ 25 mil a R$ 40 mil e o local pode funcionar durante três anos, renováveis.

"Quanto mais as ruas forem ocupadas, mais cuidado teremos com ela, e mais segurança será adquirida", afirma Mazzamati. Ele conta ainda que o estabelecimento fornecerá internet sem fio aos frequentadores –"independentemente se é nosso cliente ou não"–, que sabe que terá de cuidar do local até que ele seja desmontado e que não teme perder vagas de estacionamento. "Qualquer ideia que tire os carros das ruas é fantástica. E os parklets criam um espaço de convivência", diz.

No mesmo bairro, a construtora Idea!Zarvos financiou a instalação de uma minipraça em frente a um de seus prédios de escritórios, na rua Fidalga, que deve ficar pronta até o fim do mês, e já tem outras quatro solicitações em andamento.

Qualquer pessoa pode tomar a iniciativa da instalação desse tipo de projeto em suas vizinhanças, desde que arque com os custos de implantação, manutenção e desmontagem.

A jornalista Carmen Guerreiro, 29, planeja fazer uma vaquinha entre comerciantes ou arrecadar dinheiro por meio de financiamento coletivo para montar um no Bexiga, onde mora. "Poderão aproveitar desde os italianos que sempre moraram aqui até os nigerianos recém-chegados."

Criadora do conceito de parklets em 2003, a italiana nascida no Brasil Suzi Bolognese afirma que a segurança da vizinhança onde haverá uma nova instalação é muito importante, mas que o projeto não deve ficar concentrado em áreas que beneficiem somente os mais ricos. "O sistema deve ser rigoroso, para que os locais não se tornem propriedade privada dos patrocinadores", diz. "Isso acabaria completamente com a ideia de um espaço público para todos."

Colaborou Elvis Pereira

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