Diretor Vicente Amorim conta como foram as transições de 'Rio, Eu te Amo'

Depois de "Paris, Je T'aime" e "New York, I Love You", chegou a vez de "Cities of Love" falar do Brasil. "Rio, Eu te Amo" é composto por dez curtas-metragens, dirigidos por cineastas de sete nacionalidades, com o Rio de Janeiro como cenário. Para ligar essas dez histórias, o diretor é mais um brasileiro, Vicente Amorim ("Um Homem Bom"), que entrou no projeto há um ano e meio.

Ele conta que o "grande desafio é dar unidade e fluidez a um filme de episódios". "'Cities of Love' são histórias de amor passadas em uma cidade. É claro que isso já cria um universo comum para os curtas, mas não garante fluidez a ele. Meu desafio era dar forma ao filme usando os personagens de cada um dos episódios, criando interações entre eles e juntando a eles alguns outros personagens que só existem nas transições, como a Claudia Abreu e o Michel Melamed", conta, por telefone, à sãopaulo.

Claudia Abreu foi a atriz escolhida para criar a ligação da maioria dos curtas. "Acho que ela é uma das melhores atrizes da sua geração e é carioca militante, vai à praia, ao Arpoador, adora roda de samba. E é linda de se ver", diz.

As filmagens no Rio aconteceram ao longo de sete meses e, para fazer as transições, Amorim foi se adequando às agendas de cada diretor. "Eram feitos dois ou três episódios ao mesmo tempo, ao longo de três semanas, e eu ia misturando os personagens."

O curta "Inútil Paisagem", de José Padilha, estrelado por Wagner Moura, quase teve de ser retirado do filme. Isso porque há uma passagem na qual o ator cobra satisfações do Cristo Redentor pelas mazelas da cidade e a Arquidiocese do Rio de Janeiro queria proibir o curta –mas depois voltou atrás.

Antes de ser liberado, porém, Amorim tinha um "plano B". "Não ia entrar a transição [do Wagner Moura e do Harvey Keitel]. Há pelo menos 20 minutos de material que não está no filme, porque eu não tinha como saber qual a melhor ordem entre os episódios. Quando o filme do Padilha saiu, virou um castelo de cartas. Não bastava tirar um episódio e incluir outro, foi preciso refazer todo o desenho, porque tudo desaba. Foram momentos de grande tensão", conta.

Além dos brasileiros Fernando Meirelles, José Padilha, Andrucha Waddington e Carlos Saldanha, também estão presentes no longa a libanesa Nadine Labaki, o italiano Paolo Sorrentino, o sul-coreano Sang-Soo Im, o australiano Stephan Elliot, o norte-americano John Turturro e o mexicano Guillermo Arriaga. "Foi muito legal [a mistura e o contato com outros diretores]. Na verdade, eu, como diretor, trabalho quase nada com outros diretores e foi uma oportunidade rara de ter uma troca criativa com ele, ainda mais com diretores tão bacanas, alguns dos quais sou um grande admirador. Alguns deles são meus parceiros de anos, como o Andrucha e o Padilha. O Sorrentino é um cara que eu já admirava", diz.

Seu próximo filme, "Irmã Dulce", estreia dia 27 de novembro.

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