Casa & Decoração

Donos usam bonecos, patinhos de borracha e coleções para decoração

Se gosta de algum tipo de objeto, o DJ Pil Marques, 41, tende a comprar mais de um —e o que era uma única peça de decoração vira uma coleção. O hábito é tão antigo que ele acabou se tornando um colecionador de coleções —já perdeu a conta de quantas teve ao longo da vida.

Hoje restam 15 pinguins de geladeira antigos, 300 patinhos de borracha, incontáveis discos de vinil e centenas de "action figures" (bonecos colecionáveis de filmes, histórias em quadrinhos e video games). É uma parte pequena das coleções já possuídas pelo DJ, que começaram, na adolescência, com uma de adesivos e outra de latinhas de cerveja.

Quando Pil mudou de apartamento, teve que praticar o desapego. "Antes as coleções eram donas da casa, ocupavam o apartamento inteiro. Era tanta coisa que o que é legal não aparecia."

Ao arquiteto Guilherme Torres, que decorou a nova casa, Pil deu apenas a indicação dos objetos de que gostava mais e não poderiam ficar de fora –como alguns bonecos da banda Kiss de quase meio metro de altura.

Destacar a coletânea sem deixar o local parecer muito cheio é desafio de quem gosta de montar coleções. Para o apartamento de Pil, a solução encontrada pelo arquiteto foi "criar setores", ou seja, agrupar os objetos em áreas. Os bonecos, por exemplo, foram divididos, e um armário na sala ficou apenas com os japoneses.

Já o executivo Marcelo Bredo, 43, resolveu guardar seus 250 carrinhos em miniatura no ambiente de trabalho. Já trocou de escritório cinco vezes e a cada mudança leva os carrinhos com ele. No atual, na sede da empresa Informov, na Vila Olímpia, eles ocupam uma prateleira fechada com vidro e são as únicas peças de decoração da sala, que é toda preta. "Com a iluminação que coloquei, eles parecem estar em um aquário", diz.

PREDESTINADO

Para o engenheiro eletrônico Douglas Bathmann, 37, ser colecionador de bonecos e de histórias em quadrinhos é quase uma herança de família.

Além do sobrenome (de origem alemã) lembrar o personagem Batman, da DC, ele ganhou seus primeiros bonecos da avó. Eram o Poderoso Thor e o Príncipe Namor, da Marvel. A eles se juntaram mais de 1.000 "action figures" e tantos gibis que ele já perdeu a conta.

Douglas separou um cômodo inteiro de sua casa para os itens, que ele exibe em prateleiras. As HQs são guardadas em plásticos especiais. Entre os artigos raros de sua coleção está o gibi "Grandes Heróis Marvel" número 1, primeira série, de setembro de 1983. "Foi muito, muito, muito difícil de conseguir. Comprei-o em 1989", conta. Também em destaque fica seu boneco favorito, o Torak, da coleção Falcon, de 1983.

A compilação do paisagista Gilberto Elkis, 55, não tem tantos itens, mas, pelo tamanho de cada um, também precisou de um espaço só para ela. Gilberto comprou um imóvel no mesmo bairro onde mora, na Vila Madalena, especialmente para suas dez motos. Para lá ele também levou sua coleção de 200 pinguins, que ocupava muito espaço em sua casa.

O arquiteto Maximiliano Crovato, 39, fez o caminho contrário. Teve que encaixar sua inusitada coleção de cabeças, que ficava espalhada em seu apartamento de 200 m², em sua nova residência de 55 m². Refletiu muito até decidir que as peças, entre obras de arte e objetos de decoração, dessa vez ficariam juntas em um móvel no lounge. "Escolhi apenas algumas para deixar em destaque", explica.

As disposições, no entanto, acabam sempre sendo temporárias, pois quem tende a colecionar faz disso algo contínuo, explica o arquiteto Guilherme Torres. "Como estão sempre comprando novos objetos, uma hora é preciso retirar tudo do lugar e arrumar de novo. É um trabalho constante."

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