Executivos e Empreendedores

Espaços colaborativos de trabalho chegam a ter até 4.000 membros

Entre, puxe uma cadeira e comece a trabalhar. É assim que funciona a Laboriosa89, uma casa colaborativa localizada na Vila Madalena, zona oeste. O nome indica a rua e a numeração do imóvel que serve de escritório para uma rede com mais de 4.000 pessoas. No espaço, trabalham diariamente de 20 a cem empreendedores.

Locais como esse estão surgindo para atender às necessidades de um grupo cada vez maior de empreendedores e prestadores de serviços. Nos novos modelos de trabalho, profissionais são encorajados a compartilhar e colaborar. "Ninguém é uma ilha para produzir sozinho", explica o professor Marco Tulio Zanini, coordenador do mestrado Profissional Executivo em Gestão Empresarial da FGV/Ebape (RJ).

A tendência pode ser percebida mundo afora. Para a coach de executivos Adriana Fellipeli, diretora da Fellipelli Consultoria e Diagnósticos, "o ambiente organizacional está se modificando e criando novas demandas de produtos e serviços adaptados a essas transformações".

Experiências colaborativas

Em São Paulo, já existe mais de uma dezena de espaços compartilhados de trabalho com uma procura crescente de interessados. Cada um se organiza à sua maneira, mas todos têm como princípio a colaboração e o crescimento gradual.

A Laboriosa89 nasceu da experiência do economista Oswaldo Oliveira, que começou sua carreira no mercado financeiro e há 30 anos trabalha com negócios. "Acredito que a sociedade industrial está dando lugar à sociedade em rede, e serão necessários espaços que atendam a essa nova forma de organização", afirma.

Em maio de 2013, Oswaldo fundou a casa colaborativa madalena80. Contudo, em menos de um ano, o lugar ficou pequeno para seus 1.400 membros e deu origem a dois novos espaços com a mesma premissa: o Laboriosa89 e o Ateliê em Rede, este último voltado para trabalhos manuais.

A gestão do Lab89, como é chamado, é horizontal e feita por meio do site e do grupo do Facebook, no qual são publicadas as planilhas de gastos e contribuições. Ali é possível consultar o custo transacional, um cálculo do valor sugerido por pessoa por hora. Mas a contribuição financeira é espontânea e vem até de não frequentadores. Desde sua fundação, em janeiro deste ano, mais de 200 pessoas já colaboraram.

"Aqui pode parecer caótico, mas conseguimos ser organizados e produtivos. É uma nova forma de pensar trabalho e vida de uma maneira integral", conta Camila Haddad, fundadora da plataforma de crowd-
learning (aprendizado colaborativo) Cinese e integrante da casa.

Para o publicitário Deco Benedykt, esses espaços são uma solução para a nova geração de profissionais. "Não tem outra saída para economizar, aprender e crescer", diz Deco, um dos sócios da produtora AHH!, cuja sede foi, aos poucos, se transformando no escritório colaborativo Estufa, que hoje abriga quatro empresas e dois autônomos.

Um dos primeiros membros ali foi o Catarse, no início de 2012. Para Diego Reebeg, fundador da plataforma de financiamento coletivo, o ponto forte desse ambiente é a troca de contatos e experiências. "As pessoas que trabalham aqui sempre dão dicas e feedbacks importantes sobre o nosso negócio."

Atualmente cada integrante paga um valor fixo de R$ 350 para cobrir despesas com estrutura e manutenção. Periodicamente é instalada a Resolvedoria, um grupo de discussão sobre os problemas da casa.
"A Estufa nasceu de uma necessidade [de espaço] nossa e, a partir daí, foram surgindo formas de trabalhar em conjunto", resume Deco.

O mesmo aconteceu n'oGANGORRA. Fundado como uma agência de comunicação em fevereiro de 2013, logo se transformou em um espaço compartilhado voltado para projetos ligados a urbanismo. A gangorra é uma alusão ao tipo de gestão, que oscila entre o vertical e o horizontal. "São quatro sócios, mas a administração é acessível. Fazemos reuniões periódicas de prestação de contas, trocamos ideias e pedimos ajuda para os integrantes", conta a jornalista e sócia Aline Cavalcante.

Em abril deste ano, depois de fazer uma pesquisa com as cerca de 25 iniciativas que participam do espaço de alguma maneira, eles decidiram lançar uma cartela de planos com diferentes preços e serviços.
As mensalidades custam de R$ 30 a R$ 2.500, mas a média do aluguel das bancadas varia de R$ 200 a R$ 500.

Entre as iniciativas está o projeto Bike Anjo, que ensina como usar a bicicleta com segurança.

O coordenador, João Paulo Amaral, acredita que a organização ganhou muito desde que entrou no espaço, principalmente com a troca de conhecimento. "Às vezes eu passo a semana inteira tentando resolver um problema e, em um diálogo simples com alguém da casa, acabo encontrando a solução."

SERVIÇO

Ateliê em Rede
R. Fradique Coutinho, 1.784, Pinheiros, região oeste, São Paulo, SP. atelieemrede.com.br

Estufa
R. Inácio Pereira da Rocha, 25, Pinheiros, região oeste, São Paulo, SP. facebook.com/estufasp

oGANGORRA
R. Mourato Coelho, 1.344, Vila Madalena, região oeste, São Paulo, SP. ogangorra.com.br

Laboriosa89
R. Laboriosa, 89, Vila Madalena, região oeste, São Paulo, SP. laboriosa89.blogspot.com.br

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