Mostra grátis reúne obras inéditas dos últimos anos de vida de Leonilson

Amiga de José Leonilson Bezerra Dias (1957-1993), a artista Leda Catunda descreve o colega cearense como alguém que "sentia uma fascinação declarada" pelo assunto da mentira. "O que por oposição", ela destaca, "faz pensar na atitude tão sincera que assumia diante dos desenhos".

Essa e outras dicotomias embasam e valorizam "Verdades e Mentiras". Com montagem e textos de Leda, a mostra gratuita estreia na quarta (23) na galeria Superfície, onde fica até 30 de agosto.

A seleção compreende obras em diferentes formatos, como desenhos, pinturas, aquarelas e esculturas, garimpadas em coleções particulares. Em alguns casos, trata-se de material que nunca havia sido exibido ao público.

A escolha dos itens focou a produção dos últimos dez anos desse artista cada vez mais reconhecido e valorizado, então já marcado pela angústia e pelo sofrimento trazidos pela Aids.

Notórias pela abordagem despojada, as obras de Leonilson ganham, nesse período, uma inflexão tensa, embora não abdiquem do humor. A autobiografia que sempre serviu de matéria-prima se adensa; o foco, antes no artista, se estreita e passa à material e finita existência dele.

Nas palavras do curador Mesquita, que em 1997 fez um livro com 102 desenhos publicados por Leonilson em coluna da jornalista Barbara Gancia na Folha: "Nesta etapa final, (...) se transforma no observador de seu próprio processo: o corpo é assumido em sua condição de máquina desejante (...) em permanente embate com o mundo".

A exposição é gratuita e vai até 30 de agosto. A galeria abre de segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados das 11h às 17h.

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