Cine Belas Artes: fotógrafo registra passo a passo da reforma

Exceto as paredes, tudo é novo no Cine Belas Artes. O cinema de rua mais amado da cidade —ou "um dos patrimônios afetivos de São Paulo", como Juca Ferreira, secretário municipal de Cultura, prefere dizer—, rebatizado de Caixa Belas Artes, reabre neste fim de semana suas portas após pouco mais de três anos sem exibir um filme sequer.

Fechado em março de 2011, quando o proprietário do imóvel pediu o prédio de volta, o empreendimento retoma as atividades depois de uma imensa pressão popular que motivou campanhas nas redes sociais, abaixo-assinado com o apoio de 100 mil pessoas e passeatas. "Eu imaginava que haveria uma repercussão, que muita gente ficaria triste, mas não que a mobilização seria tão grande", diz André Sturm, diretor do espaço.

Com tamanha militância, conseguiu-se que a fachada do cinema, que existe desde a década de 1960, fosse tombada em 2012. Em janeiro de 2014, Sturm anunciou a assinatura de um patrocínio da Caixa Econômica Federal —renovável por pelo menos cinco anos— para que o Belas Artes pudesse ser reinaugurado neste sábado (19).

A partir da segunda semana de março, o local iniciou uma reforma —com custo estimado em R$ 7 milhões. Desde o início, a transformação foi acompanhada pelo fotógrafo Rogério Canella.

De lá para cá, o profissional visitou o cinema 18 vezes enquanto mais de 80 funcionários trabalhavam para colocar a casa em ordem novamente. Segundo ele, a ideia de registrar a transformação com detalhes ocorreu por se tratar de um ponto célebre da capital.

"Aquela esquina da Consolação com a Paulista é icônica. O Belas Artes sempre foi um ponto de encontro para os transeuntes. Fora que muito paulistano já viveu alguma história marcante por lá", afirma Canella.

Após quatro meses de poeira e bagunça, foram trocadas as poltronas, o circuito elétrico, o sistema de ar-condicionado e o forro. Ainda assim, na última quarta-feira (17), a reportagem da sãopaulo visitou um espaço ainda inacabado e com forte cheiro de cola. Na ocasião, Sturm brincou: "Digo que estamos em um momento Sarajevo do Belas Artes. Três salas serão inauguradas agora, é uma promessa". As outras três serão abertas dentro de 15 dias.

Se muita coisa mudou, como a clássica fachada vermelha, que agora é azul, algumas permanecem intocadas, a exemplo da programação. O cinema trará de volta filmes que ajudaram a fazer a sua fama, como o perpétuo "Medos Privados em Lugares Públicos", que ficou em cartaz por três anos e meio.

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