Símbolos da individualidade, tatuagens passam a ser feitas em grupo

A figurinista Flávia Lhacer, 29, e a estilista Patricia Grejanin, 39, bem que gostariam, mas não compartilham o mesmo sangue. Na falta de uma ligação genética, elas decidiram marcar na pele a afinidade construída durante dez anos de amizade.

Há dois meses, as amigas eternizaram esse laço. As duas já dividem há tempos o gosto por desenhos pelo corpo e decidiram tatuar uma a primeira letra do nome da outra.

"Sempre falamos que faríamos isso e, no começo do ano, ela estava com uma viagem longa marcada para os EUA", conta Flávia, que já tinha uma tatuagem feita com uma outra amiga, há dez anos, e outra com a irmã. "Funciona do mesmo jeito que uma aliança: simboliza um relacionamento, mas a tatuagem é algo que tem mais a ver com o nosso estilo de vida."

A ideia inicial foi adaptada pelo tatuador Teté, do estúdio PMA Tatuagens. Ele desenhou um emblema que aglutina as iniciais F e P, tatuado por Flávia e Patricia. Teté, que não estranha o pedido de clientes para fazerem tatuagens em grupo, diz as solicitações têm aumentado nos últimos dois anos.

"A maioria das pessoas que faz isso são mulheres na fase dos 20 e poucos anos", afirma. "E a gente orienta o cliente a fazer o que é mais conveniente como tatuagem, porque não é toda amizade que dura para sempre."

Geléia, do Gelly's Tatoo, acredita que as tatuagens em grupo sejam comuns entre os mais jovens porque a ligação com os amigos serve de desculpa para que eles justifiquem a atitude para os pais. "Mas tatuagem não deve ser escolhida assim.

É difícil todos do grupo terem os mesmos gostos", diz. "As pessoas esquecem o simbolismo e a estética da tattoo."

PIADA INTERNA

Com cinco desenhos gravados pelo corpo, isso não era um problema para a produtora Mônica Cury, 27. Mesmo assim, ela cansou de ouvir das amigas que fazer tatuagem em grupo é coisa de adolescente.

Depois de desistir e voltar atrás, Mônica se juntou a quatro amigos do trabalho numa terça-feira de manhã para tatuar o símbolo de uma piada da turma. "Também acho que é coisa de adolescente. Mas sofri muita pressão para vir", diz ela.

As quatro linhas representam as cordas de um cavaquinho e foram marcadas na pele por Artur Freitas, 33, Álvaro Benevente, 27, Thiago Bordi, 28, e Guilherme Salles, 29. "Já pensei em mil desenhos, mas deste não tenho nenhum medo de me arrepender", diz Álvaro, justificando a sua primeira tatuagem.

Sócias em um albergue, as empresárias Alessandra Bossi, 38, e Andressa Mossri, 33, também não temem arrependimento por terem tatuado o mesmo coração com rosas. "Fizemos para ter um vínculo eterno. A nossa conexão vai muito além para haver um arrependimento", afirma Alessandra.

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