Vetado na Argentina, cigarro eletrônico se expande nos EUA e no Reino Unido
No exterior, o cigarro eletrônico sofre diferentes tratamentos. A Argentina já vetou a comercialização do dispositivo. No Reino Unido, inexistem restrições e o total de usuários do produto é estimado em 1,3 milhão. Entre os americanos, não há regulação que proíba a venda dos aparelhos e o consumo não para de crescer entre os jovens.
Confira abaixo a situação do "e-fumo" nesses lugares.
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ARGENTINA
NA BALADA, ATÉ SEGURANÇA FUMA
A Argentina é o país onde mais se fuma na América do Sul segundo o ranking Atlas do Tabaco, da American Society Cancer (Sociedade Americana de Câncer).
O consumo per capita de cigarro no país chega a 1.042, contra 504 no Brasil. Talvez esse dado ajude a explicar por que a lei antifumo em Buenos Aires não é 100% cumprida.
Desde janeiro de 2012, é proibido fumar em locais fechados na cidade. A comercialização do cigarro eletrônico foi vetada um ano antes.
Por aqui, a lei permite que se fume em áreas abertas de restaurantes e bares. Com isso, aqueles que possuem terraço, varanda ou qualquer área externa ficam lotados mesmo no inverno, com a temperatura na casa dos 9ºC.
Mas a fiscalização quase não existe dentro das casas de shows e das baladas portenhas. Nesses locais, a maioria acende seus cigarros no meio da pista, sem nenhum problema --já cheguei a ver barman e segurança fumando.
O governo usou como argumento para a proibição uma pesquisa da OMS que dizia não existir "evidências suficientes para concluir que sejam uma ajuda eficaz para deixar de fumar" e que "não há provas que determinem que são seguros para o consumo humano".
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REINO UNIDO
ONDE PODE (QUASE) TUDO
Estima-se que atualmente 1,3 milhão de britânicos usem cigarro eletrônico, quase o dobro de 2012.
Aqui, você compra em supermercados ou pequenas vendas. O preço de uma caixa com 20 unidades, por exemplo, custa em média 8 libras (cerca de R$ 28).
Por enquanto, não há qualquer restrição do uso do "e-fumo" em lugares públicos, incluindo bares, pubs e restaurantes. Entretanto, o setor tem debatido o assunto. O governo estuda, por exemplo, proibir o uso dele em vagões do metrô, alvo de reclamações de passageiros.
A agência britânica de saúde já avisou que regulamentará esse tipo de cigarro como um produto médico em três anos. Alega que é uma forma de deixá-lo mais "seguro" e "eficaz", melhorando a qualidade dele, hoje usado como um simples produto de consumo pela população.
No Reino Unido, 25% das pessoas que deixam de fumar buscam essa engenhoca como refúgio.
Para evitar problemas com o mercado, o governo já começou a orientar as empresas a pedirem o reconhecimento de produto médico antes mesmo de 2016.
Também espera que a medida seja seguida pelos vizinhos, sobretudo a França, para que as leis possam ser semelhantes em cada país.
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ESTADOS UNIDOS
AGORA, BAFORADAS SÃO DE VAPOR
Dez anos após o prefeito Michael Bloomberg banir o fumacê nos restaurantes e bares da cidade, o vapor do "e-cig" chega para substituí-lo.
Não há regulação nacional que proíba a venda dos aparelhos. Para menores de idade, só restrições em alguns Estados. Mas o FDA (a Anvisa americana) já expressou preocupação com o uso entre jovens e disposição para intensificar as regras.
Nos EUA, o consumo não para de crescer entre os mais novos. Em 2012, 10% dos estudantes do colegial afirmaram já ter experimentado o aparelho, segundo o Centers for Disease Control and Prevention (órgão de saúde do governo). Um ano antes, menos da metade (4,7%) diziam ter provado o "e-cig".
O modelo high-tech é encarado pelo governo como uma porta de entrada para o fumo entre jovens. Segundo o centro de prevenção, 7% dos alunos que disseram ter aderido ao novo cigarro afirmaram nunca ter fumado o convencional.
Críticos do produto acusam seus fabricantes de atrair consumidores com técnicas de marketing do século passado --táticas já proibidas na indústria tabagista.
Além de comerciais de TV com celebridades, slogans atraentes e patrocínios esportivos, o setor investe em eventos e amostras grátis.